05 February 2011

Cisne negro

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Gentem, que triller psicológico!!!

Quase não consigo dormir, aff...

Natalie Portman está e-s-p-e-t-a-c-u-l-a-r! A atuação é tão brilhante e visceral (impossível não se angustiar), que se ela não levar o Oscar é porque tem 'tetra' na premiação (rs)!

Nina é uma dedicada bailarina que almeja o mais alto posto na sua companhia de dança: o Cisne Negro. O diretor artístico conhece sua competência, mas quer e exige mais dela. A mãe, uma bailarina frustrada, vive em função dos interesses da filha. E o ambiente na companhia, bem...

A história acaba sendo uma metáfora:
- da menina que vira mulher;
- do trabalho que extrapola os limites privados;
- da cobrança familiar que às vezes mascara frustrações pessoais;
- da competitividade e deslealdade invisível* no ambiente corporativo;
- da opressão que é viver com os valores e expectativas dos outros;
- da solidão (ausência de amigos e mentores) que intensifica a angústia;
- da insegurança que é querer agradar todo mundo para obter aprovação;
- da loucura que é buscar a perfeição e esconder de si mesma os próprios anseios.

A personagem parece ser ela apenas em dois momentos: quando conversa com o diretor artístico pedindo o papel e quando pergunta o que ele quer de verdade (após exaustivos treinos e ele só demonstra insatisfação).

Duas perguntas: a insegurança é inerente ou decorrente da imaturidade? E a pressão (externa e interna), será que dá para administrar sem descer do salto (ou melhor, tirar a sapatilha) rs?

O final é pungente (calma, não vou contar)...

Melhor frase do filme: - Nina, a sua maior inimiga é você mesma (mêda)!

* Veneno embalado em papel celofane: presente também no excelente A Fita Branca.

“A rivalidade machuca os bailarinos”

Diretora da companhia de dança Cisne Negro, Hulda Bittencourt analisa o filme de Darren Aronofsky e traça paralelos entre o roteiro e a vida real

- por Flavia Martin

Cisnes Branco e Negro
“Geralmente quem faz cisne branco não faz cisne negro. As exigências técnicas de um e de outro são diferentes. É impossível uma pessoa sair de um personagem como o cisne branco, que é puro e angelical, para um cisne negro forte”.

Rixas
“A rivalidade no trabalho sempre machuca muito os bailarinos. Por mais que sejam amigos, que trabalhem juntos... A competição artística é uma ferida grave”.

Técnica x arte
“O diretor insiste que ela seja mais artística do que tecnicamente perfeita. Ela tem de deixar as pessoas sem respiração. Senão é um exercício a mais, é educação física e não arte. Não acredito em dança técnica”.

Cotidiano
“Há elementos ali que acontecem todos os dias. O problema com os pés, os ferimentos, a dor, o massacre da sapatilha para ficar flexível. A profissão exige muito do físico e da cabeça. Não pode sair, não pode beber. Não pode, não pode”.

Preparação
“Consta que ela (Natalie Portman) fez oito horas por dia de dança. Se fez, sete horas e meia foram só de treino de braços, que são muito importantes em O Lago dos Cisnes. A gente vê que ela tem certa experiência de dança, por mais perfeita que seja a tecnologia do cinema de hoje em que tudo é possível... Ela não é bailarina, mas fez um trabalho de qualidade”.

Direção
“Ela é muito mais filmada da cintura para cima, porque usa muito os braços. Em uma seqüência, vemos cada músculo usado para que aqueles braços de cisnes aconteçam”.

Aposentadoria
“Todo bailarino sabe que tem seu limite e que chega a hora de parar. Chega um momento em que o corpo já não obedece mais como obedecia no passado. O filme mostra bem esse momento”.

Fonte: Revista da Folha, 6 de fevereiro de 2011, página 44.

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