. Janela da Alma é um documentário muito lindo que vale a pena alugar. São depoimentos de várias pessoas famosas como José Saramago (Nobel de Literatura), Hermeto Paschoal (o depoimento dele é muito engracado... Como é vesguinho, ele fala que na escola ficava com todas as meninas... Mas como? "Ah, era fácil, eu ficava encarando todas elas!!! Quando vinha uma feinha para o meu lado e perguntava se eu estava olhando para ela, eu dizia que não" rs)!!!
Guardei algumas pérolas:
"Muitas vezes deixamos de nos guiar pelo olhar do outro, queremos o que os outros querem sem distinguir se é isto mesmo que queremos. É preciso filtrar o que é olhar do outro do que é o nosso próprio olhar".
"O essencial está além do olhar. Mais do que ver é preciso estar com a sensibilidade à flor da pele para captar a aura do que está à nossa frente".
"É simplista dizer que os olhos são as janelas da alma, como se fossemos meros receptores. As imagens interagem com nossas lembranças e só tem significados quando buscamos interagir com o que vemos".
"Partindo do pressuposto que fomos criados à semelhança de Deus, então todos deveriam ver as mesmas coisas. Mas não é assim que acontece. A emoção por trás da leitura e dos sentimentos de cada indivíduo faz com que cada pessoa tenha uma percepção diferente de um mesmo acontecimento".
"E se todos fossemos cegos? Mas somos cegos! É tanta indiferença, tanta desigualdade, tanta injustiça social"...
"O ser humano gosta de coisas confortáveis, que fazem sentido. Por isto gostam de ouvir histórias. Porque a vida real não tem o menor sentido".
Beijão (espero que goste)!
KT
PS- olha este texto que tuuuuudo!!!
O Olhar
Há uma imagem construída por Delacroix, pintor francês, em um pequeno ensaio que escreveu sobre Michelângelo: ''Cego, no final da vida, apalpava as estátuas para lembrar das idéias de beleza''. Esta imagem provoca duas reflexões sobre uma suspensão no tempo: a primeira, a cegueira do escultor italiano; depois, o que a cegueira o leva a fazer como ato de redescoberta ou tentativa de sobrepor significados ao que lhe era tão familiar: a beleza vista a olhos nus. Esta quebra, quase abrupta, pode ser tomada como uma geradora de ausências no sentido aparente e linear das coisas. Mas também como geradora de um outro movimento, um redirecionamento no que está posto como comum, como hábito. Um indicativo que podemos estar cegos, de fato e de todo.
São as pequenas migalhas de vida, o que quase não é notado, é que interessam. Estas coisas que aparentemente são nossas brincadeiras de armar, mas que armam ao contrário nosso percurso neste mundo. É a partir desta infalibilidade da passagem do tempo que nos propõe parar um pouco e olhar o que não conseguimos identificar como beleza vista a olhos nus. Viver é olhar para estas coisas quase invisíveis, tateá-las e enfim, construir alguma outra possibilidade.