08 May 2007

Vermelho como o Céu

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Este filme é lindo demais, vi 2 vezes e chorei nas duas (rs).

Conta a história de Mirco, um editor de som que aos dez anos é apaixonado por cinema, porém em meados de 1970 sofre um acidente e perde a visão. Impedido de freqüentar a escola pública, o garoto toscano é levado por seus pais a um instituto de deficientes visuais em Gênova e lá, tem de lutar para criar uma nova realidade a fim de alcançar seus sonhos e liberdade.

Para refletir:

  • Mirco: após o seu “luto” pela perda da visão, ele constrói uma nova possibilidade.
  • Os novos amigos: a tragédia de Mirco se transforma em alegria para a comunidade (coisas lindas que jamais aconteceriam se ele não fosse para aquele lugar).
  • Professor: a importância de um mentor, que acredita em vc qdo nem vc mais acredita em si mesmo.
  • Diretor do instituto: cego é todo aquele que não quer enxergar.

25 April 2007

A Pequena Jerusalém

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A melhor maneira de entender o outro é conhecer suas crenças para respeitar as diferenças. Por isto a minha curiosidade em observar outras culturas.

Este filme tocante mostra os rituais judaicos a partir de uma família imigrante, que foi viver em um bairro suburbano de Paris, apelidado carinhosamente por Pequena Jerusalém. É lá que vive Laura, uma dedicada e tímida estudante de filosofia, que contesta as tradições de sua família ortodoxa quando se apaixona por um muçulmano.

Uma história de amor, redescoberta e liberdade das mulheres que retrata as diferenças culturais entre judeus e mulçumanos.

24 April 2007

Um Herói de Nosso Tempo

Va, Vis et Deviens
Em 1984, cerca de oito mil etíopes judeus fizeram uma caminhada de aproximadamente 600 quilômetros até Israel. Eles fugiam do regime pós-soviético de seu país e iam em busca da terra prometida. Neste cenário, tropas estrangeiras ajudaram várias pessoas a se salvarem e esta foi a chance para que um menino tivesse uma vida melhor. A mãe o batizou de Salomão e mandou-o clandestinamente em um dos aviões.

Ensinado a dizer que era judeu, teve de sustentar que era órfão para que não fosse deportado. Em Israel, este menino de 10 anos foi adotado por um casal de origem francesa. Começa, então, a grande aventura de sua vida.

Saudades da mãe, choque de valores e pequenas incongruências no novo país como o desperdício de água durante um banho de chuveiro como tb imagens que vão e vem do aparelho de TV confundem o pequeno Salomão. Fazer fartas refeições e descansar em camas confortáveis também parecem fatos absurdos. Nessa nova vida maluca, ele faz descobertas, cresce, descobre o amor e a ignorância do racismo.

19 April 2007

Free Zone

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3 mulheres: uma americana, uma judia e uma síria se encontram na área livre de Israel. A americana veio a passeio e, por conta de uma discussão com a futura sogra, quer voltar para casa. O único meio dela seguir o caminho é pegar a van pilotada pela judia, cujo marido sofreu um acidente, e que precisa receber o pagamento de um americano, casado com a síria.

O marido da síria não está e ela não paga o que ele deve. A judia por sua vez, diz que só arreda o pé quando receber o pagamento combinado. A síria entende e fala hebraico, mas não está aberta ao diálogo. A judia é inflexível: o que é certo, é certo; se existe uma dívida, ela precisa ser paga. A americana tenta ser mediadora no impasse, mas não tem conversa: a judia e a síria estão presas em seus solilóquios.

O final é surpreendente (rs) e acaba sendo uma metáfora do conflito no Oriente Médio.

18 April 2007

Paradise Now

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Mostra uma face do conflito no Oriente Médio através da história de vida e recrutamento de 2 terroristas palestinos, que planejam um atentado contra Israel.

Nesta briga, não existe bandido nem mocinho; os dois lados têm culpa. Israel sobrepuja em riqueza (apesar de fazer papel de 'tadinho' perante o mundo) enquanto que a Palestina vive em condições sub-humanas.

A questão não é religiosa, é moral: qdo vc perde a honra, não tem mais nada a perder.

17 April 2007

300

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Esparta é um lugar onde só há espaço para os melhores: o treino é árduo, a alimentação é disciplinada e o controle das emoções e das palavras é um exercício permanente.

Para Lêonidas, a liberdade não tem preço.

Porém, a realidade na qual a sua cultura está inserida é um mundo onde os políticos têm preço, os sacerdotes estão a serviço da política e o inimigo pode oferecer tudo o que vc quiser, desde que vc se torne escravo dele.

Os fins justificam os meios? A história mostra que não (que diga Gorgo, a rainha que perdeu o que tinha de mais precioso, a dignidade; como tb Ephialtes, que quer fazer parte da batalha, mas não percebe que a principal ele já perdeu, a própria vida).

E você? Quem é vc de verdade?
Quais são os seus valores? No que vc acredita?
Daria a sua vida por uma causa?

Vai lá: http://www.aish.com/movies/passover.asp

12 April 2007

Notas de um Escândalo

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Barbara acredita que um segredo é capaz de unir pessoas. E é, desde que não se torne um pacto com nota promissória atachada. Pq qdo vc usa um segredo para coagir as pessoas, vira chantagem.

O outro problema de Barbara é sua inabilidade em aceitar a realidade – mente tanto para os outros que já não sabe quem é ela mesma (a pior mentira é aquela que é proferida contra si).

A incapacidade em relacionar-se com pessoas faz do seu diário o único cúmplice de sua insanidade. E como Narciso, que só olha para si sem se importar com os outros, só abre os ouvidos para escutar aquilo que concorda suas crenças.

Dureza para quem cruza o caminho de um narcisista, pois ele sempre deixa atrás de si um rastro de caos, discórdia e morte.

11 April 2007

O Bom Pastor

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Três questões chamaram a minha atenção: a capacidade que Mother tem para guardar um segredo (que indica o grau de confiança que se pode ter em uma pessoa), o relacionamento tacanho com a própria família (abre mão daquilo que lhe é mais caro) e a relação de respeito e integridade com Ulysses.

Tempos atrás li um comentário de um rabino que dizia a importância de termos um bom inimigo. Para enxergarmos o outro lado assim como desenvolvermos uma competitividade saudável (é preciso ser duas vezes melhor: não para superar o outro, mas para superar a si mesmo).

Acredito que alguns valores como ética, compromisso e responsabilidade são inegociáveis. Porém, nada pode valer mais do que a vida. Qdo relegamos a família num segundo plano, alguma coisa está errada. Pq a verdadeira inteligência é integrar valores, crenças e vida. Vida esta que se traduz em atitudes e não apenas em teoria.

10 April 2007

Crash

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Crash me fez refletir sobre um artigo da Isabelle Ludovico: somos todos seres feridos, mas temos a opção de escolher entre sermos feridos que curam ou feridos que ferem da mesma forma que foram feridos.

Ninguém é melhor que ninguém; não temos o direito de julgar os outros. Quando caímos nesta armadilha, podemos até nos achar superiores porém nos tornamos piores do que as pessoas que julgamos.

FERIDOS QUE CURAM

Provérbios de Salomão, na Bíblia, nos convidam a “entender o nosso próprio caminho” (Pv 14:8) e “estar atentos para os nossos passos” (Pv 14:15). De fato, a maturidade provém da capacidade de compreender a nossa história e integrar as peças esparsas do quebra cabeça que é a nossa existência para enxergar o quadro completo. As experiências marcantes da nossa vida precisam ser consideradas com reverência para encontrar o seu sentido mais profundo e aprender com elas. Tempo e atenção são necessários se queremos evitar a superficialidade.

Fomos criados à imagem de Deus que é Luz. Assim, quanto mais nos aproximamos dele numa atitude contemplativa, mais enxergamos a nossa própria realidade. O olhar amoroso de Deus nos permite superar o medo da rejeição e tirar as nossas máscaras para reconhecer tanto a nossa luz quanto a nossa sombra. Percebemos nossos limites, feridas, mecanismos de defesa e incoerências, mas também nossa aspiração por amor, alegria e paz, nossa capacidade criativa e relacional, nossa busca de sentido existencial.

Identificamos, perplexos, a coexistência simultânea e sistêmica de alegria e tristeza, prazer e dor, sofrimento e paz, amor e solidão. Perceber esta condição da nossa humanidade entra em choque com o desejo de nos apegar a um estado mental dominante e obsessivo como a busca da felicidade permanente. Nossa sociedade a define como a ausência de dor e, para isto, construímos um castelo forte onde estamos protegidos, mas também enclausurados. Poupar-nos do sofrimento acaba nos privando da alegria, pois estes dois sentimentos são parceiros inseparáveis nesta vida. Nossa cultura prega uma felicidade artificial mantida com pílulas que anestesiam a dor camuflando nossa inescapável condição de mortalidade e fragilidade. Solitários e carentes, buscamos compensar o nosso vazio interior mediante um consumismo compulsivo.

O desejo mais profundo de amar e ser amado requer a disposição de baixar as defesas e nos torna vulneráveis. Como diz uma música popular: “Quem quiser aprender a amar, vai ter que chorar, vai ter que sofrer...”. As feridas mais profundas e dolorosas não provêm de acidentes que nos aconteceram, mas do amor. O amor transforma nossa personalidade e nossa percepção. Ele nos arranca de um mundo unidimensional em preto e branco para nos transportar num universo de cores brilhantes e paisagens sempre renovadas. Quando o amor se retrai, sofremos a dor da perda. A alegria do encontro é proporcional à dor do desencontro.

Como diz o teólogo John Main, precisamos diferenciar feridas e machucados. Os machucados como o fracasso num teste, uma derrota financeira, uma expectativa frustrada, são sofrimentos provisórios e superáveis. As feridas nos marcam para sempre. Elas modificam nossa percepção íntima e o fundamento da nossa identidade. Uma ferida significa que nada será como antes. O tempo apaga os machucados, não cura as feridas. Somente a imersão no amor absoluto de Deus pode curar nossas feridas. É preciso mergulhar na morte de Cristo para experimentar a sua ressurreição. O significado das nossas feridas emerge quando as vivenciamos na sua relação com outros eventos e padrões da nossa vida.

Conforme a maneira como lidamos com as nossas feridas, podemos nos tornar feridos que ferem ou feridos que curam. A Bíblia fala de dois tipos de tristeza: uma tristeza ”mundana” que leva à auto comiseração nos faz assumir o papel de vítima e “produz morte”; uma tristeza na perspectiva de Deus que gera transformação e vida (2 Coríntios 7:10). Mergulhando na história da nossa vida, encontramos momentos dramáticos em que tivemos que fazer a escolha crucial de nos tornarmos amargurados por nossas feridas ou feridos que curam. O filme recente “Patch Adams: o amor é contagioso” fala de um homem que fez a escolha de ser um ferido que cura e quase desistiu quando uma nova ferida o empurrou na beira do precipício. Para seu próprio bem e o bem das pessoas à sua volta, ele finalmente escolheu seguir o princípio bíblico de “vencer o mal com o bem”(Romanos 12:21). Na maioria das vezes, optamos por uma solução intermediária mesclando sentimentos de magoa e desejo de superar, passando alternativamente de vítima à protagonista.

Nossa experiência pessoal de feridos curados pelo amor incondicional de Deus é que nos permite aliviar o sofrimento de outros. Enquanto perseguimos nossa felicidade como prioridade absoluta, iremos fazer isto às custas do bem estar do outro. Mas ao buscar minorar a dor do nosso próximo, encontraremos a plenitude de alegria para a qual fomos criados. Ao acolher a realidade com todas as suas facetas, não podemos deixar de perceber o próprio Deus. Cristo é a Verdade e a Vida. Por isto, ao optarmos pela verdade encontraremos a Cristo, assim como através das coisas bonitas podemos enxergar a própria beleza.

A cruz de Cristo proclama que a vida não se preserva negando a morte, mas acolhendo o ciclo de morte e renascimento. Por isto, somos chamados a “levar sempre nos corpo o morrer de Jesus para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo”( 2 Coríntios 4:10). Assim, em vez de fugir do sofrimento através de uma vida artificial, podemos superá-lo com o bálsamo do amor de Deus que transforma o mal em bem. Precisamos olhar para os retalhos espalhados da nossa vida na perspectiva de Cristo que venceu o mal e a morte. Assim podemos costurá-los para formar uma colcha que reflete a obra de arte única que é a nossa existência à luz do amor de Deus e na dependência do Espírito Santo.

Leia a íntegra no capítulo A Essência da Imago Dei no livro O Melhor da Espiritualidade Brasileira, org. Nelson Bomilcar, Editora Mundo Cristão, 2005.

05 April 2007

O Último Rei da Escócia

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Nooossa, que soco no estômago!

Tão sensacional que é difícil descrever...Um jovem médico escocês quer fazer a diferença no mundo. Não sei se pela imaturidade própria da juventude ou pela personalidade fútil, ele escolhe o caminho do poder. A partir daí começa a colher o fruto de suas escolhas (dureza é que não afeta apenas sua vida, mas todos que o rodeiam)...

04 April 2007

Maria Antonieta

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Ela era apenas uma criança... O filme acaba sendo uma metáfora da juventude, entorpecida pelo consumo desenfreado, pelo hedonismo e pelo tédio.

Achei a cena do tênis forçada (a pessoa teria de ser tosca ao extremo para não perceber a associação). O desfecho traz a bela transição da infância para a maturidade (mas a que preço, hein)!

03 April 2007

Buenos Aires 100 Km

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Qdo fui no lançamento olha a surpresa: o diretor estava lá para divulgar a película e falou com o público antes da exibição.

O filme traz a história de 5 adolescentes que moram a 100km de distância de Buenos Aires e questiona o sentido da amizade: será que vale a pena dividir momentos; viver o cotidiano sem ter intimidade e transparência?

02 April 2007

A Fantástica Fábrica de Chocolates

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A Fantástica Fábrica de Chocolates mostra a infância pós-moderna. Há tempos li o excelente Mitos e Neuroses, cuja introdução Paul Tournier pede perdão aos jovens por terem herdado uma sociedade doente.

30 March 2007

Super-Homem

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Mó cara imaturo (rs)! Além de ser refém da aprovação dos outros e de si mesmo (identidade calcada naquilo que faz e não naquilo que é), o caboclo é utilitarista: não tem vida pessoal, a família só aparece qdo está numa enrascada (além de mal-educado: some sem dar satisfação para as pessoas que lhe são mais caras - reflete aqui comigo: se por educação, damos feedback aos nossos clientes, pq não damos aos queridos que se importam de verdade com a gente?).

Dureza que a sociedade pós-moderna confunde o fazer x ser, igual o Super-Homem...

29 March 2007

Crônicas de Nárnia

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Nem preciso dizer que a manteiga derretida aqui quase inundou o cinema (vá correndo e depois me conte os babados) rs! Eu me identifiquei primeiro com o Edmund, depois com o Mr. Tumnus, depois com a Susan... de vez em nunca (rs) surgem lampejos de Lucy (quem me dera)! O mais bonitinho é perceber a mão de Deus em tudo que tenho vivido - ultimamente tenho refletido sobre a Alegria, uma das partes do fruto do Espírito (Gl 5: 22, 23) e olha o que C. S. Lewis escreveu sobre o assunto:

“Se hoje a noção de que é errado desejar a nossa felicidade e esperar ansiosamente gozá-la esconde-se na maioria das mentes, afirmo que ela surgiu em Kant ou nos estóicos, mas não na fé cristã. Na realidade, se considerarmos as promessas pouco modestas de galardão e a espantosa natureza das recompensas prometidas nos evangelhos, diríamos que o nosso Senhor considera nossos desejos não demasiadamente grandes, mas demasiadamente pequenos. Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a alegria infinita que se nos oferece, como uma criança ignorante que prefere continuar fazendo bolinhos de areia numa favela, porque não consegue imaginar o que significa um convite para passar as férias na praia. Contentamo-nos com muito pouco”.

Fonte: Peso de Glória, C.S. Lewis, Editora Vida Nova

Fala muito sério (hehehe, talvez vc não esteja entendendo nada: C. S. Lewis é o mesmo cara que escreveu Crônicas de Nárnia)!

28 March 2007

Pecados Íntimos

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Durante o dia eles são jovens pais perfeitos, dedicando-se ao sucesso dos filhos. À noite recorrem à pornografia na internet e casos extra-conjugais. Quando suas vidas se interlaçam, a situação em que vivem torna-se perigosa.

Ao ler esta sinopse pensei: - ooopa, trata-se da visão que o Mundo tem do que é vida, preciso ver. Mas ao assistir, a primeira coisa que veio foi: mas... é sobre a gente, fariseus modernos (muito medo nesta hora)!

Interessante prestar atenção em cada personagem: o homem desejado, mas que no fundo é um looser, perdido na vida (sabe o que quer, mas não assume para si mesmo); o olhar de cobiça e hipocrisia das suburbanas; a burguesa que é refém dos outros (deseja o que as suburbanas querem e revida o mal com mal ao invés de enfrentar o marido); a mulher bem-sucedida no trabalho mas que é um fracasso como mãe e esposa; o taleban que é o defensor da moral e dos bons costumes mas que é um coitado, abandonado pela própria família e por aí vai.

Somos todos crianças que teimam em não amadurecer, todos nós temos 'pecados íntimos', ninguém tem o direito de julgar ou se achar melhor que ninguém (antes de falar do cisco no olho do outro, temos de tirar a trave do nosso, que de tão grande dá para fazer gol) hahaha!

27 March 2007

A Conquista da Honra

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O título é interessante: a conquista da honra. Mas, que honra?

A vitória é dos Estados Unidos. Mas, a que preço? Se não fosse a imagem daquela foto, da turnê organizada pelos burocratas... será que o desfecho seria o mesmo? O que acho mais triste é que a história mostra que não levaram em conta a vontade dos maiores envolvidos, pq quem vivencia um campo de batalha, jamais será o mesmo (e suas famílias tb).

Para ter uma visão abrangente do confronto americanos x japoneses, assista correndo Cartas de Iwo Jima.

26 March 2007

Cartas de Iwo Jima

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Chorei cântaros. A abordagem, que mostra o outro lado da guerra, é tocante. Não damos conta de que a autoridade da liderança, qdo minada, induz à derrota. E que, em momentos de crise, qdo as decisões precisam ser tomadas por uma fração de segundo, é que os verdadeiros líderes se revelam (e isto não tem a ver com hierarquia).

A rigidez das crenças impede de enxergar o outro. Isto prejudica a comunicação, que deveria ser vital em todas as camadas: de cima para baixo, lado a lado e tb debaixo para cima (neste caso, a cultura japonesa dificulta o diálogo).

A estupidez da guerra é mostrada qdo a carta da mãe americana é lida. Poderia ter sido escrita por uma mãe japonesa como por qq outra mãe, inclusive a sua ou a minha.

Chérie, foi uma injustiça o filme não ter levado o Oscar (mas até parece que eu acredito em Papai Noel... como se a Academia pudesse conceder um Oscar a um filme rodado em japonês) rs! A tradução pedalou roubando o impacto dos diálogos e tirando toda ternura e emoção visceral em momentos críticos como a despedida do pai e a morte do cavalo.

Vc conhece a história do filme? Sabia que foi o Spielberg que sugeriu ao Clint Eastwood filmar o outro lado da Conquista da Honra?
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23 March 2007

Memórias de uma Gueixa

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O ritmo, a plasticidade e o antagonismo com o Ocidente são gritantes. O engraçado de rever filmes é que a gente, qdo assiste novamente, enxerga detalhes que antes haviam passado desapercebidos: a paixão velada, a beleza e a riqueza de sutilezas (a comunicação não-verbal: olhares, emoções contidas)... Realmente é um filme para se deleitar com os olhos do coração.

A parte mais marcante (além do final, é claro) rs é qdo a personagem principal olha para o destino trágico de uma pessoa que tentou prejudicá-la a vida inteira e, ao invés de julgá-la, olha com compaixão e diz: - Poderia ser eu...

22 March 2007

Feitiço do Tempo

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Este filme é tuuuudo de bom, perdi o número de vezes que vi (rs). Bill Murray faz um repórter arrogante que vai para uma cidade de interior fazer a cobertura do dia da marmota e fica "preso" no dia mais infeliz de sua vida. Primeiro ele sente perplexidade, depois revolta, depois tenta manipular os outros, tira proveito da situação, fica entediado, tenta se matar e por aí vai... Qq semelhança com a gente, não é mera coincidência (hahaha).

O final é apotéotico (calma, não vou contar) rs, vá ver correndo... E me pergunto se com a gente não é a mesma coisa, aff...

21 March 2007

Hotel Ruanda

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Nem preciso dizer que do começo ao fim chorei cântaros. Porque me fez refletir até que ponto vai a fidelidade de alguém.

Falar que vc ama, que vc defende uma causa é muito fácil; difícil é vc ficar do lado e ir até o fim, até as últimas conseqüências.

E a postura de um líder é esta: é vc servir, é vc assumir a responsabilidade porque uma atitude tua pode abençoar ou não outras vidas.

E isto independente de vc ser traído, abandonado ou não ter recursos.

Ser líder e ser fiel é uma escolha, assim como viver.

20 March 2007

A Noiva Síria

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Este filme traz a história de uma comunidade drusa situada entre a Síria e Israel. A trilha sonora é belíssima e o enredo, envolvente. Fala dos costumes daquela região ao mesmo tempo que serve de metáfora sobre a situação política (e por quê não dos personagens que refletem um pc de todos nós?).

Quem se importa com quem de verdade? Se poder envolve responsabilidade, por que ninguém pega o pacote completo? Vc se importa com quem vc ama ou está preocupado com o que os outros pensam de vc? Até que ponto não estamos acomodados com uma determinada situação esperando que os outros tomem uma iniciativa que precisa partir de nós mesmos?

19 March 2007

As Aventuras de Azur e Asmar

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Tolerância, cooperação, amizade, preconceito, superstições e estereótipos... Estas são algumas questões abordadas na excelente animação francesa que me cativou a ponto de assistir 2 vezes (até agora) rs.

16 March 2007

Fogo contra Fogo

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Neste filme em que o Al Pacino é o policial e o Robert de Niro é o bandido (e por incrível que pareça, vc torce pelo bandido) rs tem uma cena em que a namorada do Robert de Niro está num balcão e explica a diferença de alone (sozinha) e lonely (solitária).

O problema nunca é estar sozinho (e de bem com a vida), mas se sentir solitário (sensação de vazio). Em SP isto parece fazer sentido: qtas vezes estamos rodeados de pessoas (imagine-se em plena av. Paulista, em seu escritório aberto ou no metrozão linha vermelha em horário de rush, ai que mêda) rs e mesmo assim enclausurado no seu I-Pod (quer coisa mais "em-si-mesmada"?), perdido em seus devaneios, dores, angústias ou mesmo alegrias e não ter ninguém para dividir?

O babado de estar no topo da montanha-russa é ter alguém contigo dividindo aquele momento.

15 March 2007

Capote

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Qual o limite que separa a bondade do utilitarismo? Até que ponto não ajudamos os outros só qdo nos convêm? Até que ponto não nos tornamos assassinos de relacionamentos?

Só pela graça é possível a gente mudar! E a mudança precisa começar no coração porque é de lá que os maus desígnios procedem.

Capacidade para mudar? Nenhuma. Mas, como diz a Palavra, basta a gente concordar que precisa mudar. Porque é só por meio dEle que podemos nos tornar mais que vencedores.

14 March 2007

À Procura da Felicidade

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Vc entra na sala sabendo como vai ser o final (o que é péssimo, pq o grande barato do cinema é a gente ser surpreendido). Mas vamos dar um desconto pq conta a história de uma pessoa que acreditou no seu sonho, persistiu apesar das dificuldades e chegou lá.

Nestes tempos em que as pessoas deixam de viver para não ter de morrer tanto, onde os sonhos se tornam descartáveis e as pessoas só lamentam ao invés de arregaçar as mangas e lutar para transformar sua realidade, é bom demais ver alguém que não tem medo de pagar o preço para ser feliz (na minha opinião, o sonho dele era pequeno... Imagina se ele tivesse um sonho graaaande como o teu) uhúúú!

13 March 2007

A Rainha

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O filme em si é arrastado, lento e até cansativo como o chato Náufrago (rs). Mas vale a pena só para conferir Helen Mirren arrasar (ela mereceu o Oscar), carrega o filme sozinha!

Uma das cenas mais chocantes foi constatar a frieza da rainha, que não se abate com a morte da ex-nora e, no entanto, chora com a morte de um animal. Levantei a questão no escritório e achei interessante a discussão que rolou entre meus colegas pq alguns se "solidarizaram" com a rainha enqto outros ficaram revoltados...

O que pegou (para mim) não foi a falta de tristeza pela morte da Lady Di, mas do esquecimento ´mundial´ da madre Tereza de Calcutá que morreu na mesma semana. Se Lady Di era a princesa do povo, grande ativista social blábláblá, por que ninguém se importou com madre Tereza, uma ativista maior ainda?

Ver tanta comoção, tanta gente chorando nos portões do palácio de Buckhingam ao mesmo tempo em que há tanta discórdia nos lares, nos escritórios (acho esquizofrênico alguém chorar assistindo TV e depois se mostrar inflexível com o cônjuge)... Dá para entender?

Como diria Susan Sontag no excelente "Diante da Dor dos Outros", a nossa compaixão precisa ser traduzida em ação, senão é estéril.

12 March 2007

Borat

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O filme é alface (não tem gosto de nada) hahahah. Começa engraçado, mas depois vai ficando cansativo (uma pegadinha sem fim que vc não vê a hora de acabar).

A única coisa positiva foi ver o qto a sociedade americana está falida: em todas as esferas (classe alta, classe baixa, universitários que são o futuro do país, a religião fundamentalista)... Os "únicos" que se salvam são exatamente os excluídos: prostitutas, gays, negros e judeus.

Interessante notar a crítica mordaz à midia: o 'repórter' se apaixona por um personagem de TV (o way of life americano tem sido pautado pela aparência, pelo simulacro - não existe criticidade para diferenciar a realidade da fantasia) ao mesmo tempo que alerta para o perigo de se expor a vida pessoal.

Taxi Driver que o diga (rs)...

09 March 2007

Babel

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Um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos (achei uma injustiça não ter levado o Oscar, enfim...) entrelaça 3 histórias: um casal de americanos que passa férias no Marrocos, uma babá mexicana que atravessa a fronteira com 2 crianças americanas sem autorização dos pais e uma órfã surda-muda japonesa revoltada com a vida.

O nome do filme remete à falta de comunicação: o casal que viaja para acertar-se (a ferida mortal não é do tiro, mas do silêncio que emerge da inabilidade em verbalizar os sentimentos); a babá que vive num mundo de faz-de-conta ao invés de aceitar a realidade à sua volta e o solilóquio da garota que insiste em buscar intimidade e acolhimento no sexo ao invés de aprender a se relacionar com os outros (toda vez que queremos impor nosso próprio pt de vista sem levar em consideração a opinião dos outros, perdemos a voz).

A arma é o elo dos três núcleos (sem darmos conta, toda decisão pessoal que tomamos tem o poder de afetar os outros). E até que ponto esta arma não é uma metáfora qdo usamos a comunicação (ou a falta dela) para ferir? Será que não temos um pc destes personagens dentro de nós?

É para se pensar...

08 March 2007

Janela da Alma

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Janela da Alma é um documentário muito lindo que vale a pena alugar. São depoimentos de várias pessoas famosas como José Saramago (Nobel de Literatura), Hermeto Paschoal (o depoimento dele é muito engracado... Como é vesguinho, ele fala que na escola ficava com todas as meninas... Mas como? "Ah, era fácil, eu ficava encarando todas elas!!! Quando vinha uma feinha para o meu lado e perguntava se eu estava olhando para ela, eu dizia que não" rs)!!!

Guardei algumas pérolas:

"Muitas vezes deixamos de nos guiar pelo olhar do outro, queremos o que os outros querem sem distinguir se é isto mesmo que queremos. É preciso filtrar o que é olhar do outro do que é o nosso próprio olhar".

"O essencial está além do olhar. Mais do que ver é preciso estar com a sensibilidade à flor da pele para captar a aura do que está à nossa frente".

"É simplista dizer que os olhos são as janelas da alma, como se fossemos meros receptores. As imagens interagem com nossas lembranças e só tem significados quando buscamos interagir com o que vemos".

"Partindo do pressuposto que fomos criados à semelhança de Deus, então todos deveriam ver as mesmas coisas. Mas não é assim que acontece. A emoção por trás da leitura e dos sentimentos de cada indivíduo faz com que cada pessoa tenha uma percepção diferente de um mesmo acontecimento".

"E se todos fossemos cegos? Mas somos cegos! É tanta indiferença, tanta desigualdade, tanta injustiça social"...

"O ser humano gosta de coisas confortáveis, que fazem sentido. Por isto gostam de ouvir histórias. Porque a vida real não tem o menor sentido".

Beijão (espero que goste)!

KT

PS- olha este texto que tuuuuudo!!!

O Olhar

Há uma imagem construída por Delacroix, pintor francês, em um pequeno ensaio que escreveu sobre Michelângelo: ''Cego, no final da vida, apalpava as estátuas para lembrar das idéias de beleza''. Esta imagem provoca duas reflexões sobre uma suspensão no tempo: a primeira, a cegueira do escultor italiano; depois, o que a cegueira o leva a fazer como ato de redescoberta ou tentativa de sobrepor significados ao que lhe era tão familiar: a beleza vista a olhos nus. Esta quebra, quase abrupta, pode ser tomada como uma geradora de ausências no sentido aparente e linear das coisas. Mas também como geradora de um outro movimento, um redirecionamento no que está posto como comum, como hábito. Um indicativo que podemos estar cegos, de fato e de todo.

São as pequenas migalhas de vida, o que quase não é notado, é que interessam. Estas coisas que aparentemente são nossas brincadeiras de armar, mas que armam ao contrário nosso percurso neste mundo. É a partir desta infalibilidade da passagem do tempo que nos propõe parar um pouco e olhar o que não conseguimos identificar como beleza vista a olhos nus. Viver é olhar para estas coisas quase invisíveis, tateá-las e enfim, construir alguma outra possibilidade.