17 January 2019

Culpa

Contundente, inteligente e perturbador - assim é Den Skyldige, o concorrente dinamarquês na categoria de melhor filme estrangeiro ao Oscar.

Asger é um policial competente que recebe chamadas de emergência. Já no começo do filme, ele mostra a que veio (só pelo telefone, consegue discernir o que aconteceu e, calejado que só, despeja o veredicto correto porém sem um pingo de misericórdia). 


Até receber uma ligação que pressente que poderá fazer diferença.


O que achei sensacional é que o diretor consegue captar 100% da atenção do espectador (não vi ninguém ligar o celular no meio da sessão, algo comum hoje em dia): você fica em estado aguçado de alerta e completamente hipnotizado pelos diálogos cortantes (e como a câmera fica na cara do policial, você tem de imaginar e presumir o que está acontecendo pela entonação de voz dos personagens bem como pelos ruídos que 'vazam' das ligações). 

O ponto forte é que nada é o que parece (o que acaba sendo um tapa na cara com luva de boxe) pois você questiona qual é o papel da autoridade, sua responsabilidade, as atribuições, se existe engajamento, habilidade emocional de negociação, o valor da rapidez de raciocínio para tomar decisões, a cegueira imposta pelos estereótipos...

E mais: até onde vai o seu limite, qual é a sua motivação (ajudar de verdade ou anestesiar a própria alma se entupindo de coisas 'importantes' para fazer e assim não pensar na própria vida e presepadas).


O final é apoteótico: só estamos aptos para ajudar quando somos autênticos e enfrentamos nossos próprios demônios.


PS- Nossa, neste ano estou com dó dos jurados - só filmaço, vai ser difícil escolher (o mais fraquinho até agora foi Roma) rsrsrs.

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