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O filme traz a história de Mija, uma senhora coreana que aos 60 anos vai atrás do sonho de tornar-se poetisa. Ela se inscreve num curso, descobre que está com Alzheimer, que o neto adolescente participou de um estupro, a vítima se matou e agora precisa reparar com um dinheiro que ela não tem.
Como encontrar inspiração em meio a tantas desgraças?
Mais do que sentir-se envergonhada (não era sua obrigação criar o neto), por meio da poesia teve os olhos abertos e passou a ver as coisas como realmente eram, teve contato com seus sentimentos, emoções e passou a ficar muito desconfortável.
O triste é ver que as instituições que deveriam zelar pela integridade (escola, pais, imprensa) foram condescendentes com o estupro e, por mais que houvesse preocupação em reparação financeira, ninguém pareceu se importar com a questão ética (inclusive a própria mãe da menina colocou a carapuça de vítima).
No filme todos homens são canalhas: o velho que via a senhora como objeto, os pais dos moleques que 'compraram' o silêncio da mãe da menina, os moleques aproveitadores (se a criança aprende pelo exemplo)... Interessante notar que o pior de todos, o que 'seria' o mais sujo, o mais canalha (delegado) é o mais íntegro pois soube integrar luz e sombra.
Ao longo do filme percebe-se que Mija interiorizou o que a menina sentiu: usada, suja, de mãos atadas, sem perspectiva, sem sonhos... (imagino que é assim que uma vítima de bullying se sente).
Que coisa triste é não ter bons amigos para estarem conosco nesta caminhada: às vezes sorrimos, às vezes choramos, às vezes corremos, às vezes tropeçamos e caímos... sem um bom amigo fica difícil (infelizmente nem a senhora, a menina ou a mãe tinham amigas).
Daí vemos o poder da comunidade. E que triste é perceber que ao invés das pessoas se agregarem para fazer o bem e gerar vida, elas se reunem para fazer o que é mal... mêda!
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