28 January 2011

Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas

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Gentem, que filme arrastaaaaado, afff!

A história é meio surreal: as pessoas se relacionam com mais naturalidade com os mortos do que com os vivos (aliás, os 'mortos' tem mais humanidade que os vivos) rs!

É a falecida cuidando do doente (porque o enfermeiro abandonou o paciente), a verbalização dos sentimentos (que nos vivos fica truncada)...

O que será que quiseram dizer com isso? Que é mais fácil lidar com aquilo que temos controle (projeções idealizadas) ao invés da realidade?

Sei lá, na minha opinião a vida real já é tão complicada e o tempo escasso para buscar explicações e justificar a culpa pelo que fizemos em outras reencarnações (como diria Saramago, as pessoas gostam de histórias por causa da lógica, mas a vida não faz o menor sentido) rs!

Voltando ao filme, mesmo entendendo um pouco da cultura oriental, achei-o um pc hermético: a princesa que quer viver de ilusão (narcisismo) ao invés de aceitar e viver plenamente a realidade, a cerimônia em que todos estão de preto (quando deveriam estar de branco), o pragmatismo da família ao relacionar os valores contidos nos envelopes... Será que a morte acontece toda vez que o ocidentalismo prevalece sobre os valores orientais (ou melhor, quando você abre mão dos seus valores em decorrência da pressão do grupo, daquilo que os outros esperam de você)?

A seqüência final é para encerrar com chave de ouro: o monge que quer tomar banho com água quente, vestir jeans, tênis, comer e assistir TV (mais anestesiante, impossível)!

Afinal, quem é que está 'morto'?

Porque quando o corpo está descolado da alma (divórcio entre o que se faz, fala e acredita), a pessoa já morreu faz tempo...

PS- Apesar do filme ser tailândes, vale a reflexão:

Um jeito diferente de ver as coisas - japas x brazucas

- por Ayami Tanaka

Os japoneses valorizam cada mudança de estação como se não fossem mais ter no próximo ano. Apesar de que muita coisa é preciso esperar um ano pra ver de novo. Como é o caso das flores de sakura (cerejeiras) e do koyoo (outono).

Nesse aspecto eu acho os japoneses muito mais sensíveis que os brasileiros. Falamos que eles são frios e tal, mas todos cuidam pois querem usufruir de novo nos próximos anos.

E lá tem uma época que chove muito, chamada de tsuyu, garoa por mais de um mês. Daí, em alguns templos vc encontra o objeto de metal, que não sei o nome para que vc possa ouvir o som da chuva fazendo eco, só mesmo os japoneses...

Porque assim vc não fica naquela neura, putz que dia chato, tá chovendo... muitas vezes só reclamamos. A gente precisa demais da água e só damos valor qdo falta água na própria casa, não é mesmo?

Se todo mundo aprendesse a valorizar o tempo que tem nas pequenas coisas, o mundo seria melhor.

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