10 January 2011

Além da Vida

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Clint Eastwood é puro cinema, sempre me surpreende: direção primorosa, casting perfeito, roteiros amarrados, diálogos verdadeiros... Não tive o privilégio de conhecê-lo como ator (lembro apenas de A Ponte de Madison), mas como diretor ele manda muuuuuito bem: Os Imperdoáveis, Cartas de Iwo Jima, Gran Torino, Invictus e agora Além da Vida.

O novo filme costura 3 histórias marcadas pela morte: uma jornalista que sobrevive a uma catástrofe, um médium que carrega seu dom como uma maldição e uma família destroçada pela tristeza escolhida e inesperada.

A jornalista é uma excelente profissional, dedicada, competente e admirada por sua argutez, que coloca em xeque sua reputação quando resolve enxergar de outra forma (não mais a racional). O médium vive o desafio de escolher a vida ao invés da morte. E o gêmeo que perdeu a família (e não consegue interagir com as pessoas próximas) tem de aprender a viver com ele mesmo.

Reflexões:
  • Por que 'descartar' alguém quando a pessoa não faz mais aquilo que 'esperam' que ela faça? Por que tratar as pessoas como se fossem apenas mais uma peça da engrenagem? Achei bacana a postura do presidente do grupo quando pede desculpas (mostra humanidade) e, apesar de não concordar com a proposta, apoia e se propõe a mostrar caminhos para que ela viabilize o projeto.
  • Tem uma hora na vida que você só pode contar com você mesmo, porque às vezes o que as pessoas esperam que você faça, não é aquilo que é melhor para você (os 'conselhos' não levam em consideração o que você de fato sente sobre o assunto; até mesmo os 'irmãos' podem estar 'aconselhando' em proveito próprio).
  • Não podemos nos esconder por trás das fatalidades e deixar de viver uma vida plena e abundante pelo medo de errar. É na vida que se aprende a viver, não podemos escolher as dificuldades que vamos enfrentar (às vezes de onde deveria vir acolhimento e nutrição é de onde vem as maiores dores e decepções), mas o que conta não é o quanto fomos feridos, mas como vamos reagir com o que fizeram conosco. Será que não é um desafio para crescer, uma oportunidade de assumir as próprias escolhas e construir uma nova possibilidade?

O final é tocante porque a vida não é feita de solilóquios, mas de interdependência. Não temos controle nem mesmo para viver uma vida 'normal', simples... mas podemos nos abrir para aprender a viver.

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