31 January 2011

Um lugar qualquer

.
Gentem, que filme chato (rs)!

Sempre gostei do olhar poético da Sofia Coppola (Encontros e Desencontros, Maria Antonieta), mas nesse filme acho que ela se perdeu...

E justamente no que levou o Leão de Ouro no último Festival de Veneza, presidido por Quentin Tarantino, ex-namorado dela (afff, não dá para confiar nem na política do entretenimento) rs!

É um filme do nada sobre lugar nenhum (rs)...

O momento mais tocante é a cena em que o pai brinca com a filha, fingindo tomar chá dentro da piscina do hotel... preste atenção na trilha sonora deliciosa ; )!

Maaaaas isso tb aparece no trailer, então por que pagar... hahahahah!

28 January 2011

Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas

.
Gentem, que filme arrastaaaaado, afff!

A história é meio surreal: as pessoas se relacionam com mais naturalidade com os mortos do que com os vivos (aliás, os 'mortos' tem mais humanidade que os vivos) rs!

É a falecida cuidando do doente (porque o enfermeiro abandonou o paciente), a verbalização dos sentimentos (que nos vivos fica truncada)...

O que será que quiseram dizer com isso? Que é mais fácil lidar com aquilo que temos controle (projeções idealizadas) ao invés da realidade?

Sei lá, na minha opinião a vida real já é tão complicada e o tempo escasso para buscar explicações e justificar a culpa pelo que fizemos em outras reencarnações (como diria Saramago, as pessoas gostam de histórias por causa da lógica, mas a vida não faz o menor sentido) rs!

Voltando ao filme, mesmo entendendo um pouco da cultura oriental, achei-o um pc hermético: a princesa que quer viver de ilusão (narcisismo) ao invés de aceitar e viver plenamente a realidade, a cerimônia em que todos estão de preto (quando deveriam estar de branco), o pragmatismo da família ao relacionar os valores contidos nos envelopes... Será que a morte acontece toda vez que o ocidentalismo prevalece sobre os valores orientais (ou melhor, quando você abre mão dos seus valores em decorrência da pressão do grupo, daquilo que os outros esperam de você)?

A seqüência final é para encerrar com chave de ouro: o monge que quer tomar banho com água quente, vestir jeans, tênis, comer e assistir TV (mais anestesiante, impossível)!

Afinal, quem é que está 'morto'?

Porque quando o corpo está descolado da alma (divórcio entre o que se faz, fala e acredita), a pessoa já morreu faz tempo...

PS- Apesar do filme ser tailândes, vale a reflexão:

Um jeito diferente de ver as coisas - japas x brazucas

- por Ayami Tanaka

Os japoneses valorizam cada mudança de estação como se não fossem mais ter no próximo ano. Apesar de que muita coisa é preciso esperar um ano pra ver de novo. Como é o caso das flores de sakura (cerejeiras) e do koyoo (outono).

Nesse aspecto eu acho os japoneses muito mais sensíveis que os brasileiros. Falamos que eles são frios e tal, mas todos cuidam pois querem usufruir de novo nos próximos anos.

E lá tem uma época que chove muito, chamada de tsuyu, garoa por mais de um mês. Daí, em alguns templos vc encontra o objeto de metal, que não sei o nome para que vc possa ouvir o som da chuva fazendo eco, só mesmo os japoneses...

Porque assim vc não fica naquela neura, putz que dia chato, tá chovendo... muitas vezes só reclamamos. A gente precisa demais da água e só damos valor qdo falta água na própria casa, não é mesmo?

Se todo mundo aprendesse a valorizar o tempo que tem nas pequenas coisas, o mundo seria melhor.

27 January 2011

O Mágico

.
Inspirado no roteiro de Jacques Tati, este desenho animado é candidato ao Oscar e foi dirigido por Sylvain Chomet, o mesmo realizador de As Bicicletas de Belleville.

Sem nenhum diálogo (algumas frases esparsas em francês, inglês e em outra língua nórdica que não consegui identificar) rs, a poética história narra os percalços de um mágico que de certa forma, parece com a trajetória de todos nós.

Uma carreira gloriosa, o advento da tecnologia, a mudança de gosto do público, as inconveniências da profissão, a aproximação interessada de alguns, a exploração e falta de caráter de outros, o medo infantil, a inabilidade em comunicar os sentimentos, a decadência... mas o final (pelo menos para mim) foi redentor.

Porque apesar de tudo: os papéis que desempenhamos, as pessoas com as quais cruzamos ao longo da vida, as expectativas não realizadas... nada disso define você.

O que vale é seguir em frente, mantendo sua essência e integridade.

PS- Preste bastante atenção no final, nas duas escolhas que ele faz, e depois me conte se não concorda comigo ; )!

26 January 2011

Biutiful

.
Para variar, o Javier Bardem está soberbo, o cara manda bem meeeesmo!

O filme é desconfortável, mostra uma Barcelona feia, suja (até parece filme brasileiro, só tem desgraça) rs... Como sempre, Iñárritu apresenta uma miscelânia global: chineses que 'fabricam' produtos piratas, senegaleses que vendem a mercadoria juntamente com drogas e depois são deportados... e o personagem de Bardem é a ponte que une todos os núcleos.

De certa forma, não deixa de ter uma carga social, pois a Espanha de hoje tem quase 40% de desempregados na faixa etária de 25 a 40 anos, e os bicos de Bardem é que garantem as contas no final do mês, ele tem dois filhos blábláblá...

A questão é: - por mais 'humanidade' que ele tenha, é correta a sua postura? E o que dizer do comportamento dos 'ditos' protegidos, mostra lealdade à 'consideração' que ele teve por eles?

É, o mundo está biutiful mesmo.

25 January 2011

Amor e outras drogas

.
Para quem quer conhecer a indústria farmacêutica, o filme é um prato cheio (mostra a maneira dos propagandistas trabalharem, como funciona o lançamento de medicamentos, abordagem para os médicos indicarem os remédios)... mêda!

Como pano de fundo, o conto de fadas "felizes para sempre" que perpetua até os dias de hoje, embalado em outras roupagens, claro (rs).

Será que as pessoas acreditam mesmo que a comunicação acontece quando há troca de palavras rudes e afastamento ao invés de verbalizar o que de fato se sente? Que poderão encontrar a intimidade por meio de sexo casual? Que serão compreendidas e aceitas indubitavelmente, quando nem elas conhecem a si mesmas?

Claro, é melhor serem dois do que um, pois um cordão de três dobras é mais difícil de quebrar (sentimo-nos mais encorajados em prosseguir quando não estamos sozinhos), mas precisamos ficar atentos para não usar o outro como muleta.

A jornada de autoconhecimento (luz e sombras, pontos fortes e complexos) é individual.

19 January 2011

O Turista

.
Fui na pré-estreia com bastante expectativa, afinal os protagonistas (Johnny Depp e Angelina Jolie) haviam sido indicados ao Globo de Ouro e Florian Henckel von Donnersmarck dirigido o surpreendente A Vida dos Outros e...

... bem, as locações são belíssimas, assista pelas cenas em Paris e Veneza (rs)!

18 January 2011

Fateless

Marcas da Guerra
Györg, de 14 anos, sobrevive a Auchwitz e Buchenwald. Finda a guerra, mostra a recusa do rapaz em deixar-se definir pelos horrores que passou nos campos de concentração.

16 January 2011

Em busca da Terra do Nunca

08.01.10
"Basta sermos felizes neste mundo, que querem destruir tudo".

15 January 2011

Clube da Felicidade e da Sorte

.
Quando há dor e feridas não curadas, você busca felicidade, sorte ou esperança?

A verdade é que se a gente não cuidar do próprio jardim (ao invés de perder tempo vigiando o quintal dos outros) rs, é muito fácil os ciclos se repetirem.

O filme mostra a vida de quatro amigas chinesas e a história de suas famílias. O mais louco é que as maiores dores estão relacionadas ao passado ou futuro (e o presente, que é mais importante, deixa de ser vivido).

Algumas reflexões:
  • a generosidade se faz presente quando passamos a enxergar o outro (alteridade);
  • só podemos dar aquilo que temos dentro de nós mesmos;
  • cuidado para não tornar-se prisioneiro do medo ou refém do olhar dos outros;
  • a tristeza acontece quando um sonho ou uma expectativa não se realiza, mas o desafio é olhar para frente;
  • seja proativo ao invés de passivo ou reativo (circunstâncias ou comportamento dos outros);
  • dê colo à criança que você talvez nunca foi (se desde sempre você foi um adulto responsável);
  • nunca sufoque sonhos e desejos em função daquilo que você acha que os outros esperam de você;
  • o desafio é fazer da nossa vida um local de encontro (mas para isto o nosso coração precisa estar reconciliado).

O momento mais tocante é quando uma das mães fala à filha: "- Eu te enxergo; você tem estilo. Todos querem o melhor; você nem percebeu, mas fulana pegou o melhor caranguejo. Você, não; porque você tem o melhor coração".

14 January 2011

Oceanos

.
Um dos filmes mais deslumbrantes que assisti nos últimos tempos!

Direção de fotografia, edição de som, montagem... tudo perfeito neste documentário francês que, de maneira surpreendente, mostra a vida animal marinha.

Você vai ver bichos que nem imaginava existir (e suas cores exuberantes), performances exóticas (o tempo todo tentava imaginar como conseguiram filmar as cenas com aquela riqueza de detalhes e sons) bem como a luta pela sobrevivência (fiquei chocada com o momento de nascimento das tartarugas, tão lindas, e ao correr em direção ao mar, são atacadas por um bando de aves).

O filme é tão bonito, que quando terminou, ninguém saiu da sala (não 'sossegamos' até vermos tudo, inclusive as cenas em que subiam os créditos) rs.

13 January 2011

Tetro

.
Apesar de ter gostado do trailler, demorei para assistir porque duas pessoas próximas não tiveram boas impressões e fiquei sugestionada.

Mas sabe que não é tão ruim (risos)?! Porque até um Coppola pequeno consegue ser bom.

Dizem que o roteiro é autobiográfico, o que já o torna instigante (mais risos).

A fotografia é linda, a atuação é dantesca (meio exagerada), as referências cinematográficas inspiram (fiquei com vontade de ver os filmes citados) e o final é muito louco (mas passível de ser real, porque afinal a vida não faz o menor sentido)!

Vá ver e depois diga se não concorda comigo (rs)...

12 January 2011

Amor sob contrato

.
Esta comédia mostra uma família fake que, por meio da inveja, estimula quem está ao redor a consumir os produtos que eles usam (no filme essa técnica é chamada de marketing invisível).

E claro que, como não existe família ideal, a encenação toda vai por água abaixo (rs).

Reflexões interessantes:

  • fazendo um paralelo com o filme, até que ponto os twitters de hoje, não manipulam sua legião de seguidores?
  • é possível representar uma farsa por quanto tempo? ou melhor, será que as pessoas vivem tanto tempo com uma máscara, que não sabem mais diferenciar quem são de fato dos papéis que desempenham? ou será que é dor demais para encarar a realidade, por isto escondem-se atrás de um personagem?
  • como você lida com a família? escolhe amar e ser leal ou tem uma relação utilitarista?

11 January 2011

José & Pilar

.
Gentem, que chatice sem fim este filme!

Claro, é um documentário... Claro, mostra a vida como ela é.

Então vamos lá (rs): montagem e edição perfeitas, trilha sonora adequada...

O que achei bacana: saber que Saramago nasceu numa aldeia muito simples, foi alfabetizado e levou uma vida normal até tornar-se escritor aos 60 anos. E quem tem olhos para ver e é criativo, enxerga beleza nos lugares mais improváveis e extrai daí inspiração (qdo ele diz que está preocupado em escrever romances enquanto a mulher está preocupada com a vida e ele já não sabe o que é mais importante; ou quando escolhe um tema para escrever ao observar um simples objeto no museu).

A parte não bacana: claro, não existem carrascos sem vítimas, mas achei a Pilar um pc trator. O Saramago era apaixonado por ela, não tenho dúvida, mas...

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que se é, não é mesmo?

Uma reflexão: perto da morte, até para um ateu como ele, seu maior anseio era por mais tempo e vida.

10 January 2011

Além da Vida

.
Clint Eastwood é puro cinema, sempre me surpreende: direção primorosa, casting perfeito, roteiros amarrados, diálogos verdadeiros... Não tive o privilégio de conhecê-lo como ator (lembro apenas de A Ponte de Madison), mas como diretor ele manda muuuuuito bem: Os Imperdoáveis, Cartas de Iwo Jima, Gran Torino, Invictus e agora Além da Vida.

O novo filme costura 3 histórias marcadas pela morte: uma jornalista que sobrevive a uma catástrofe, um médium que carrega seu dom como uma maldição e uma família destroçada pela tristeza escolhida e inesperada.

A jornalista é uma excelente profissional, dedicada, competente e admirada por sua argutez, que coloca em xeque sua reputação quando resolve enxergar de outra forma (não mais a racional). O médium vive o desafio de escolher a vida ao invés da morte. E o gêmeo que perdeu a família (e não consegue interagir com as pessoas próximas) tem de aprender a viver com ele mesmo.

Reflexões:
  • Por que 'descartar' alguém quando a pessoa não faz mais aquilo que 'esperam' que ela faça? Por que tratar as pessoas como se fossem apenas mais uma peça da engrenagem? Achei bacana a postura do presidente do grupo quando pede desculpas (mostra humanidade) e, apesar de não concordar com a proposta, apoia e se propõe a mostrar caminhos para que ela viabilize o projeto.
  • Tem uma hora na vida que você só pode contar com você mesmo, porque às vezes o que as pessoas esperam que você faça, não é aquilo que é melhor para você (os 'conselhos' não levam em consideração o que você de fato sente sobre o assunto; até mesmo os 'irmãos' podem estar 'aconselhando' em proveito próprio).
  • Não podemos nos esconder por trás das fatalidades e deixar de viver uma vida plena e abundante pelo medo de errar. É na vida que se aprende a viver, não podemos escolher as dificuldades que vamos enfrentar (às vezes de onde deveria vir acolhimento e nutrição é de onde vem as maiores dores e decepções), mas o que conta não é o quanto fomos feridos, mas como vamos reagir com o que fizeram conosco. Será que não é um desafio para crescer, uma oportunidade de assumir as próprias escolhas e construir uma nova possibilidade?

O final é tocante porque a vida não é feita de solilóquios, mas de interdependência. Não temos controle nem mesmo para viver uma vida 'normal', simples... mas podemos nos abrir para aprender a viver.

08 January 2011

72 Horas

.
Qualquer projeto com o Russell Crowe é programaço na certa!

Remake de um filme europeu, conta a história de um casal, cuja mulher é presa por um crime, mas o marido acredita na inocência dela embora todas as evidências indiquem o contrário...

Meus olhos encheram-se lágrimas particularmente numa cena em que a mulher, embrutecida por tudo aquilo que está vivendo (está tão em choque, que perdeu a fé em si mesma), é 'salva' pela lealdade do marido.

Porque a confiança e a força dele que a norteiam, sustentam e impedem que perca a sanidade (qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência ;)!

07 January 2011

Um Bom Coração

.
O filme mostra o encontro de dois deslocados na sociedade: um jovem indigente que tenta o suicídio e um velhaco sobrevivente ao 5o infarto, que decide 'ajudá-lo'.

O bacana da história é que nada é previsível: os diálogos, as reviravoltas, os desfechos... e não é assim que é a vida?

06 January 2011

Primeiro ele disse

.
Este filme italiano é beeeeem divertido.

Conta a sucessão de uma família que é proprietária de uma fábrica de macarrão, mas que nenhum dos filhos quer assumir o comando porque... bem, aí vou estragar o final, certo (risos)?

05 January 2011

Fora da lei

.
Uma família é despejada da propriedade de seus ancestrais porque não tem um 'papel' provando que o terreno é deles.

Ao longo da história, todos passam por desventuras e injustiças; mas o tocante é como cada um escolhe reagir.

Que armas são estas que usamos para nos 'proteger'?

Ferir os outros é da natureza inata do ser desumano ou uma justificativa tacanha para a circunstância?