27 March 2013

A caça - post II


Nooooossa, o melhor filme da temporada!

Saí da sala com a sensação de ter sido atropelada por um caminhão.

Lucas é o mais dócil e pacato cidadão do universo: a ex-mulher o humilha sistematicamente, os alunos montam literalmente nele... até surgir uma acusação grave de abuso sexual e o mundo desabar de vez para ele.

O diretor do filme questiona pressupostos que o mundo tem como crenças: toda criança é pura? Todas dizem a verdade? E nós, por que acreditamos veemente naquilo que os outros tomam por verdade?

Uma coisa eu sei (porque vivi não porque ouvi ou li): só quem passou por uma injustiça sabe a dor e a perplexidade que é.

E o que achei mais lindo no protagonista é que ele não permite que a maldade alheia deforme quem ele é.

Ser desacreditado diante dos seus amigos, da comunidade que vive, entre a familia, seus queridos... e prosseguir de cabeça erguida? E não revidar o mal recebido?

Como é que ele conseguiu?!

Bem oportuno assistir este filme depois de ter visto Na neblina e em época de Pascoa.

Não faz sentido e o mundo não entende quem não se revolta, quem não revida, quem não fica amargo depois de passar por um perrengue desses.

Como diria Eugene Peterson, vivemos num mundo que não é amante da graça: ela não serve para ganhar dinheiro, para fechar negócios.

Resumo da ópera: vou assistir de novo (rsr)... .

24 March 2013

A parte dos anjos

Nada como um filme simples e bem feito ; )!

E o diretor Ken Loach sempre manda bem na arte de contar histórias, sejam elas complexas ou não.

Um grupo de delinquentes juvenis fazem amizade enquanto cumprem pena fazendo serviços comunitários.

Um deles acabou de ser pai e as evidências mostram o quão difícil é mudar o rumo da própria história.

Porém, o amor tem uma capacidade de regeneração que a gente nem imagina ; )!

Uma amizade, um encorajamento, uma palavra, um abraço - na hora certa - podem despertar o que há de melhor dentro de nós.

O mais lindo é o final; pura atitude de gratidão e lealdade.

Sim, nossas atitudes provam o que temos dentro de nós.

Para ir ao cinema e sair com a alma lavada (hehe)!
.

23 March 2013

Na neblina

Nossa, a-d-o-r-e-i este filme ; )!

Primeiro, porque é russo (ou seja, uma oportunidade de aprender mais sobre outra cultura) e depois porque o diretor foi de uma sensibilidade atroz.

Na reconstrução da Bielo-Rússia, os alemães subjugam os nativos.

Após um ato de sabotagem na ferrovia, três prisioneiros culpados são enforcados e um prisioneiro inocente é solto, porém a aldeia de origem trata o homem como se fosse colaboracionista do regime alemão.

Apesar da narrativa ser arrastada (talvez o diretor tenha feito de propósito, para o espectador prestar atenção na construção de cada personagem), é inteligente e repleta de metáforas.

Por exemplo, você identifica o personagem tolo, sem domínio próprio, refém da circunstância. Tem o covarde, que para sobreviver, vira as costas para os outros. Tem o cruel, que quando tem um fiapo de poder, usa para tiranizar os outros. E tem o honrado, que o mundo não é digno dele.

Os melhores diálogos acontecem na neblina:

- Acho bom você registrar em um documento o que conversamos.
- E você acredita mesmo em documentos?

- É incrível que a sua história de vida deixa de contar: as pessoas que conhecem você desde criança não acreditam mais em você, preferem acreditar nos alemães que acabaram de chegar.

- Quanto tempo dura uma guerra: um ano e meio? E a guerra muda alguma coisa? E as pessoas, será que mudam tanto num espaço tão curto de tempo?

É... existem dores na alma que não podem ser compartilhadas (só quem viveu, sabe que é inocente). E o pior tipo de morte é acusar alguém de algo que não cometeu, pois é decretar a morte da pessoa em vida.

O final é de doer o coração, ou seja, carregar pesos desnecessários (a tolice e a covardia alheias) é puro suicídio.

Uma reflexão: será que o papel da dificuldade é desnudar o que cada pessoa tem dentro de si?

É para pensar...
.

21 March 2013

Amor

Mó soco no estômago.

Para assistir este filme, você precisa estar com uma boa estrutura emocional, senão desaba.

Um casal apaixonado enfrenta as agruras da velhice com amor, delicadeza, respeito e muita dignidade.

É tocante o carinho que um tem pelo outro, ao mesmo tempo que corta o coração acompanhar a deterioração do corpo (que frustrante o descompasso da mente lúcida com o peso da idade).

Para ler outra opinião sobre o filme, vai lá: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,amor-de-haneke,992133,0.htm
.

20 March 2013

Anna Karenina

O filme tem um potencial que infelizmente não foi explorado.

A narrativa é criativa: os figurantes aparecem em coreografias que remetem ao ballet e o diretor usou um palco de teatro como moldura, cujos cenários são montados conforme o desenrolar da história. A cena inicial e a final são incrivelmente complementares.

O figurino é de tirar o fôlego: preste atenção na riqueza dos vestuários, nas cores que denunciam a classe social, nas joias... sim, as joias ; ).

O que não achei legal foi a atuação tacanha de alguns atores. Explico: como a filmagem aconteceu num espaço confinado, os closes escancaram a falta de talento de uns e algumas cenas ficaram dificeis de engolir (caaaalma, não estou falando do Jude Law - aliás, o único que defendeu com dignidade seu personagem e mereceu cada centavo do seu salário) rs. A Keira Knightley, com suas caras & bocas exageradas, representou ela mesma (coitada) rsrs.

Outra coisa que ficou a desejar foi a edição irregular: algumas cenas arrastadas e outras corridas, que atropelaram a compreensão.

A história em si é belíssima pois é uma metáfora. Uma mulher casada com um alto oficial do governo, abre mão do filho, da reputação, de tudo, para viver um amor (se é que podemos chamar de amor) rsrsr.

Neste ponto, a escolha de casting foi perfeita porque o diretor quis mostrar que nem sempre uma mudança acontece para melhor.

O marido é o esteio, o bom senso, a grandeza, a generosidade, a autoridade, o colo que todo mundo busca no meio de uma crise.

O amante é a novidade, que não precisa ser boa ou ruim, mas que pode não sustentar suas expectativas porque não se deve buscar no outro (seja sistema ou pessoas) respostas que precisam estar internalizadas em você.

A mulher é a inconsistência de alguém ou de um grupo que não sabe o que quer. Ela não busca uma paixão, mas a si mesma.

Claro que o final é trágico, porque se você engole etapas de um processo, corre o risco de ser devorado por ele (quem com ferro fere, com ferro será ferido).

Por se tratar de um romance de Léon Tolsoi, é clara a apologia sobre a simplicidade e a vida no campo. Os personagens mais íntegros e ricos internamente são exatamente os que abrem mão da superficialidade.

Para quem curte história e se interessa por retrato de época (vida e costumes da aristocracia russa em Moscou e São Pettesburgo antes da revolução socialista), vale a pena.
.

16 March 2013

A caça

Espia o trailer: http://schinsq.blogspot.com.br/2012/10/novo-trailer-hunt-caca-jagten-drama-com.html

- por Marianne Morisawa

Deve ser difícil alcançar o topo aos 29 anos. Thomas Vinterberg sabe bem o que é isso: depois de Festa de Família (1998), sua carreira foi ladeira abaixo. Mas ele recupera boa parte do vigor com A Caça, que concorreu à Palma de Ouro em Cannes no ano passado e levou o prêmio de melhor ator para Mads Mikkelsen.

Um troféu bem dado, aliás. Mikkelsen, conhecido em filmes não-europeus por fazer vilões como o Le Chiffre em Cassino Royale ou o herói Draco em Fúria de Titas, aqui interpreta um cara que não é um nem outro. O seu Lucas, aliás, chega a irritar de tão passivo. Humilhado pela ex-mulher, que quase não o deixa ver o filho Marcus, ele arruma um trabalho como professor de educação infantil para sobreviver.

Seus únicos momentos de vida mais viris são quando está com os companheiros de caçada, entre eles, Theo. E ele é o primeiro a lhe virar as costas quando a filha, a pequena Klara, acusa Lucas de tê-la molestado. Logo, a pequena comunidade inteira passa a atacar o pacato cidadão, à exceção do filho e de um amigo.

Não há sombra de dúvida sobre a inocência do protagonista. Em vez de focar na questão da culpa, o diretor pode, então, explorar melhor assuntos como a velocidade como uma suspeita dessas se espalha mesmo sem provas; a má preparação das escolas e psicólogos para lidar com o assunto (lembra da Escola de Base?); a falsa noção de que as crianças sempre dizem a verdade.

Se o filme começa com algumas cenas de gosto duvidoso, depois A Caça dá verdadeiros socos no estômago como as sequências do supermercado e da igreja.

Fonte: Preview, março/2013, página 62.

PS- Para saber mais, acesse: http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/a-caca-explora-descida-ao-inferno-de-homem-acusado-injustamente
.

15 March 2013

Os miseráveis

Imperdível, lindo, maravilhoso!

Nem preciso dizer que chorei cântaros (rs).

O filme fala sobre injustiça, miséria, inveja, bullying, perdão, redenção, amor, doação, compromisso... ou seja, mais atual, impossível ; )!

Jean Valjean cumpriu pena de 19 anos por roubar um pedaço de pão para o filho de sua irmã. Após passar por sucessivas e indignas situações de humilhação, quebra a liberdade condicional e passa a ser perseguido por Javert, um representante da lei.

Numa noite fria, é resgatado da rua e acolhido por um sacerdote amoroso. Porém, o fugitivo embrutecido, rouba toda a prataria da igreja durante a madrugada, mas é pego pelo serviço de guarda diurno. Na iminência de voltar à prisão, Jean Valjean é surpreendido pela bondade do sacerdote que declara ter doado os objetos, inclusive os valiosos castiçais que o visitante esquecera de levar.

Este ato de misericórdia tem um impacto profundo na vida de Jean que, de ferido se torna curador.

Outros personagens tem histórias e condutas de arrepiar como a prostituta Fantine (que personifica um alvo da inveja e maldade humanas) e o policial Javert (vítima da regra e da ordem, que não consegue viver sob o signo da ambiguidade e do perdão).

Para ter um vislumbre, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=dmHcDWrMH-8

PS- Não conhece a história? Espia o resumo (rsrsr): http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Miser%C3%A1veis

09 March 2013

O lado bom da vida

Que filme surreal ; ).

Os personagens e diálogos são tão bizarros que parecem uma narrativa fantasiosa (coitada da Super Nanny) rsrsr.

Um homem com transtorno bipolar e uma mulher promíscua resolvem unir forças para atingir seus objetivos. No caso do homem, reconquistar o amor da esposa, e a mulher, participar de um concurso de dança.

Se você tem senso de humor, assista correndo (hehehe).
.

03 March 2013

Hitchcock

O filme conta os bastidores do excelente Psicose, dirigido pelo mestre de suspense Alfred Hitchcock.

Interessante notar que pessoas talentosas também passam por períodos turbulentos e de dúvida, tem seus dramas pessoais, e claro, gente oportunista e aproveitadora por perto (rs).

Mas também é cercado de profissionais talentosos, dedicados, leais, amigos...

Uma das coisas mais bacanas foi ver que, quando a gente acredita em algo, precisa ir até o fim e pagar o preço, ainda que as pessoas ou as circunstâncias digam o contrário (incrível ver que aos 60 anos ele ainda tinha ânsia por liberdade e vontade de surpreender a linguagem cinematográfica).

Se você gosta de cinema, delicie-se com o filme (rs).

PS- Para saber mais, vai lá: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Hitchcock
.