30 March 2007

Super-Homem

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Mó cara imaturo (rs)! Além de ser refém da aprovação dos outros e de si mesmo (identidade calcada naquilo que faz e não naquilo que é), o caboclo é utilitarista: não tem vida pessoal, a família só aparece qdo está numa enrascada (além de mal-educado: some sem dar satisfação para as pessoas que lhe são mais caras - reflete aqui comigo: se por educação, damos feedback aos nossos clientes, pq não damos aos queridos que se importam de verdade com a gente?).

Dureza que a sociedade pós-moderna confunde o fazer x ser, igual o Super-Homem...

29 March 2007

Crônicas de Nárnia

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Nem preciso dizer que a manteiga derretida aqui quase inundou o cinema (vá correndo e depois me conte os babados) rs! Eu me identifiquei primeiro com o Edmund, depois com o Mr. Tumnus, depois com a Susan... de vez em nunca (rs) surgem lampejos de Lucy (quem me dera)! O mais bonitinho é perceber a mão de Deus em tudo que tenho vivido - ultimamente tenho refletido sobre a Alegria, uma das partes do fruto do Espírito (Gl 5: 22, 23) e olha o que C. S. Lewis escreveu sobre o assunto:

“Se hoje a noção de que é errado desejar a nossa felicidade e esperar ansiosamente gozá-la esconde-se na maioria das mentes, afirmo que ela surgiu em Kant ou nos estóicos, mas não na fé cristã. Na realidade, se considerarmos as promessas pouco modestas de galardão e a espantosa natureza das recompensas prometidas nos evangelhos, diríamos que o nosso Senhor considera nossos desejos não demasiadamente grandes, mas demasiadamente pequenos. Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a alegria infinita que se nos oferece, como uma criança ignorante que prefere continuar fazendo bolinhos de areia numa favela, porque não consegue imaginar o que significa um convite para passar as férias na praia. Contentamo-nos com muito pouco”.

Fonte: Peso de Glória, C.S. Lewis, Editora Vida Nova

Fala muito sério (hehehe, talvez vc não esteja entendendo nada: C. S. Lewis é o mesmo cara que escreveu Crônicas de Nárnia)!

28 March 2007

Pecados Íntimos

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Durante o dia eles são jovens pais perfeitos, dedicando-se ao sucesso dos filhos. À noite recorrem à pornografia na internet e casos extra-conjugais. Quando suas vidas se interlaçam, a situação em que vivem torna-se perigosa.

Ao ler esta sinopse pensei: - ooopa, trata-se da visão que o Mundo tem do que é vida, preciso ver. Mas ao assistir, a primeira coisa que veio foi: mas... é sobre a gente, fariseus modernos (muito medo nesta hora)!

Interessante prestar atenção em cada personagem: o homem desejado, mas que no fundo é um looser, perdido na vida (sabe o que quer, mas não assume para si mesmo); o olhar de cobiça e hipocrisia das suburbanas; a burguesa que é refém dos outros (deseja o que as suburbanas querem e revida o mal com mal ao invés de enfrentar o marido); a mulher bem-sucedida no trabalho mas que é um fracasso como mãe e esposa; o taleban que é o defensor da moral e dos bons costumes mas que é um coitado, abandonado pela própria família e por aí vai.

Somos todos crianças que teimam em não amadurecer, todos nós temos 'pecados íntimos', ninguém tem o direito de julgar ou se achar melhor que ninguém (antes de falar do cisco no olho do outro, temos de tirar a trave do nosso, que de tão grande dá para fazer gol) hahaha!

27 March 2007

A Conquista da Honra

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O título é interessante: a conquista da honra. Mas, que honra?

A vitória é dos Estados Unidos. Mas, a que preço? Se não fosse a imagem daquela foto, da turnê organizada pelos burocratas... será que o desfecho seria o mesmo? O que acho mais triste é que a história mostra que não levaram em conta a vontade dos maiores envolvidos, pq quem vivencia um campo de batalha, jamais será o mesmo (e suas famílias tb).

Para ter uma visão abrangente do confronto americanos x japoneses, assista correndo Cartas de Iwo Jima.

26 March 2007

Cartas de Iwo Jima

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Chorei cântaros. A abordagem, que mostra o outro lado da guerra, é tocante. Não damos conta de que a autoridade da liderança, qdo minada, induz à derrota. E que, em momentos de crise, qdo as decisões precisam ser tomadas por uma fração de segundo, é que os verdadeiros líderes se revelam (e isto não tem a ver com hierarquia).

A rigidez das crenças impede de enxergar o outro. Isto prejudica a comunicação, que deveria ser vital em todas as camadas: de cima para baixo, lado a lado e tb debaixo para cima (neste caso, a cultura japonesa dificulta o diálogo).

A estupidez da guerra é mostrada qdo a carta da mãe americana é lida. Poderia ter sido escrita por uma mãe japonesa como por qq outra mãe, inclusive a sua ou a minha.

Chérie, foi uma injustiça o filme não ter levado o Oscar (mas até parece que eu acredito em Papai Noel... como se a Academia pudesse conceder um Oscar a um filme rodado em japonês) rs! A tradução pedalou roubando o impacto dos diálogos e tirando toda ternura e emoção visceral em momentos críticos como a despedida do pai e a morte do cavalo.

Vc conhece a história do filme? Sabia que foi o Spielberg que sugeriu ao Clint Eastwood filmar o outro lado da Conquista da Honra?
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23 March 2007

Memórias de uma Gueixa

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O ritmo, a plasticidade e o antagonismo com o Ocidente são gritantes. O engraçado de rever filmes é que a gente, qdo assiste novamente, enxerga detalhes que antes haviam passado desapercebidos: a paixão velada, a beleza e a riqueza de sutilezas (a comunicação não-verbal: olhares, emoções contidas)... Realmente é um filme para se deleitar com os olhos do coração.

A parte mais marcante (além do final, é claro) rs é qdo a personagem principal olha para o destino trágico de uma pessoa que tentou prejudicá-la a vida inteira e, ao invés de julgá-la, olha com compaixão e diz: - Poderia ser eu...

22 March 2007

Feitiço do Tempo

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Este filme é tuuuudo de bom, perdi o número de vezes que vi (rs). Bill Murray faz um repórter arrogante que vai para uma cidade de interior fazer a cobertura do dia da marmota e fica "preso" no dia mais infeliz de sua vida. Primeiro ele sente perplexidade, depois revolta, depois tenta manipular os outros, tira proveito da situação, fica entediado, tenta se matar e por aí vai... Qq semelhança com a gente, não é mera coincidência (hahaha).

O final é apotéotico (calma, não vou contar) rs, vá ver correndo... E me pergunto se com a gente não é a mesma coisa, aff...

21 March 2007

Hotel Ruanda

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Nem preciso dizer que do começo ao fim chorei cântaros. Porque me fez refletir até que ponto vai a fidelidade de alguém.

Falar que vc ama, que vc defende uma causa é muito fácil; difícil é vc ficar do lado e ir até o fim, até as últimas conseqüências.

E a postura de um líder é esta: é vc servir, é vc assumir a responsabilidade porque uma atitude tua pode abençoar ou não outras vidas.

E isto independente de vc ser traído, abandonado ou não ter recursos.

Ser líder e ser fiel é uma escolha, assim como viver.

20 March 2007

A Noiva Síria

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Este filme traz a história de uma comunidade drusa situada entre a Síria e Israel. A trilha sonora é belíssima e o enredo, envolvente. Fala dos costumes daquela região ao mesmo tempo que serve de metáfora sobre a situação política (e por quê não dos personagens que refletem um pc de todos nós?).

Quem se importa com quem de verdade? Se poder envolve responsabilidade, por que ninguém pega o pacote completo? Vc se importa com quem vc ama ou está preocupado com o que os outros pensam de vc? Até que ponto não estamos acomodados com uma determinada situação esperando que os outros tomem uma iniciativa que precisa partir de nós mesmos?

19 March 2007

As Aventuras de Azur e Asmar

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Tolerância, cooperação, amizade, preconceito, superstições e estereótipos... Estas são algumas questões abordadas na excelente animação francesa que me cativou a ponto de assistir 2 vezes (até agora) rs.

16 March 2007

Fogo contra Fogo

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Neste filme em que o Al Pacino é o policial e o Robert de Niro é o bandido (e por incrível que pareça, vc torce pelo bandido) rs tem uma cena em que a namorada do Robert de Niro está num balcão e explica a diferença de alone (sozinha) e lonely (solitária).

O problema nunca é estar sozinho (e de bem com a vida), mas se sentir solitário (sensação de vazio). Em SP isto parece fazer sentido: qtas vezes estamos rodeados de pessoas (imagine-se em plena av. Paulista, em seu escritório aberto ou no metrozão linha vermelha em horário de rush, ai que mêda) rs e mesmo assim enclausurado no seu I-Pod (quer coisa mais "em-si-mesmada"?), perdido em seus devaneios, dores, angústias ou mesmo alegrias e não ter ninguém para dividir?

O babado de estar no topo da montanha-russa é ter alguém contigo dividindo aquele momento.

15 March 2007

Capote

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Qual o limite que separa a bondade do utilitarismo? Até que ponto não ajudamos os outros só qdo nos convêm? Até que ponto não nos tornamos assassinos de relacionamentos?

Só pela graça é possível a gente mudar! E a mudança precisa começar no coração porque é de lá que os maus desígnios procedem.

Capacidade para mudar? Nenhuma. Mas, como diz a Palavra, basta a gente concordar que precisa mudar. Porque é só por meio dEle que podemos nos tornar mais que vencedores.

14 March 2007

À Procura da Felicidade

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Vc entra na sala sabendo como vai ser o final (o que é péssimo, pq o grande barato do cinema é a gente ser surpreendido). Mas vamos dar um desconto pq conta a história de uma pessoa que acreditou no seu sonho, persistiu apesar das dificuldades e chegou lá.

Nestes tempos em que as pessoas deixam de viver para não ter de morrer tanto, onde os sonhos se tornam descartáveis e as pessoas só lamentam ao invés de arregaçar as mangas e lutar para transformar sua realidade, é bom demais ver alguém que não tem medo de pagar o preço para ser feliz (na minha opinião, o sonho dele era pequeno... Imagina se ele tivesse um sonho graaaande como o teu) uhúúú!

13 March 2007

A Rainha

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O filme em si é arrastado, lento e até cansativo como o chato Náufrago (rs). Mas vale a pena só para conferir Helen Mirren arrasar (ela mereceu o Oscar), carrega o filme sozinha!

Uma das cenas mais chocantes foi constatar a frieza da rainha, que não se abate com a morte da ex-nora e, no entanto, chora com a morte de um animal. Levantei a questão no escritório e achei interessante a discussão que rolou entre meus colegas pq alguns se "solidarizaram" com a rainha enqto outros ficaram revoltados...

O que pegou (para mim) não foi a falta de tristeza pela morte da Lady Di, mas do esquecimento ´mundial´ da madre Tereza de Calcutá que morreu na mesma semana. Se Lady Di era a princesa do povo, grande ativista social blábláblá, por que ninguém se importou com madre Tereza, uma ativista maior ainda?

Ver tanta comoção, tanta gente chorando nos portões do palácio de Buckhingam ao mesmo tempo em que há tanta discórdia nos lares, nos escritórios (acho esquizofrênico alguém chorar assistindo TV e depois se mostrar inflexível com o cônjuge)... Dá para entender?

Como diria Susan Sontag no excelente "Diante da Dor dos Outros", a nossa compaixão precisa ser traduzida em ação, senão é estéril.

12 March 2007

Borat

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O filme é alface (não tem gosto de nada) hahahah. Começa engraçado, mas depois vai ficando cansativo (uma pegadinha sem fim que vc não vê a hora de acabar).

A única coisa positiva foi ver o qto a sociedade americana está falida: em todas as esferas (classe alta, classe baixa, universitários que são o futuro do país, a religião fundamentalista)... Os "únicos" que se salvam são exatamente os excluídos: prostitutas, gays, negros e judeus.

Interessante notar a crítica mordaz à midia: o 'repórter' se apaixona por um personagem de TV (o way of life americano tem sido pautado pela aparência, pelo simulacro - não existe criticidade para diferenciar a realidade da fantasia) ao mesmo tempo que alerta para o perigo de se expor a vida pessoal.

Taxi Driver que o diga (rs)...

09 March 2007

Babel

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Um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos (achei uma injustiça não ter levado o Oscar, enfim...) entrelaça 3 histórias: um casal de americanos que passa férias no Marrocos, uma babá mexicana que atravessa a fronteira com 2 crianças americanas sem autorização dos pais e uma órfã surda-muda japonesa revoltada com a vida.

O nome do filme remete à falta de comunicação: o casal que viaja para acertar-se (a ferida mortal não é do tiro, mas do silêncio que emerge da inabilidade em verbalizar os sentimentos); a babá que vive num mundo de faz-de-conta ao invés de aceitar a realidade à sua volta e o solilóquio da garota que insiste em buscar intimidade e acolhimento no sexo ao invés de aprender a se relacionar com os outros (toda vez que queremos impor nosso próprio pt de vista sem levar em consideração a opinião dos outros, perdemos a voz).

A arma é o elo dos três núcleos (sem darmos conta, toda decisão pessoal que tomamos tem o poder de afetar os outros). E até que ponto esta arma não é uma metáfora qdo usamos a comunicação (ou a falta dela) para ferir? Será que não temos um pc destes personagens dentro de nós?

É para se pensar...

08 March 2007

Janela da Alma

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Janela da Alma é um documentário muito lindo que vale a pena alugar. São depoimentos de várias pessoas famosas como José Saramago (Nobel de Literatura), Hermeto Paschoal (o depoimento dele é muito engracado... Como é vesguinho, ele fala que na escola ficava com todas as meninas... Mas como? "Ah, era fácil, eu ficava encarando todas elas!!! Quando vinha uma feinha para o meu lado e perguntava se eu estava olhando para ela, eu dizia que não" rs)!!!

Guardei algumas pérolas:

"Muitas vezes deixamos de nos guiar pelo olhar do outro, queremos o que os outros querem sem distinguir se é isto mesmo que queremos. É preciso filtrar o que é olhar do outro do que é o nosso próprio olhar".

"O essencial está além do olhar. Mais do que ver é preciso estar com a sensibilidade à flor da pele para captar a aura do que está à nossa frente".

"É simplista dizer que os olhos são as janelas da alma, como se fossemos meros receptores. As imagens interagem com nossas lembranças e só tem significados quando buscamos interagir com o que vemos".

"Partindo do pressuposto que fomos criados à semelhança de Deus, então todos deveriam ver as mesmas coisas. Mas não é assim que acontece. A emoção por trás da leitura e dos sentimentos de cada indivíduo faz com que cada pessoa tenha uma percepção diferente de um mesmo acontecimento".

"E se todos fossemos cegos? Mas somos cegos! É tanta indiferença, tanta desigualdade, tanta injustiça social"...

"O ser humano gosta de coisas confortáveis, que fazem sentido. Por isto gostam de ouvir histórias. Porque a vida real não tem o menor sentido".

Beijão (espero que goste)!

KT

PS- olha este texto que tuuuuudo!!!

O Olhar

Há uma imagem construída por Delacroix, pintor francês, em um pequeno ensaio que escreveu sobre Michelângelo: ''Cego, no final da vida, apalpava as estátuas para lembrar das idéias de beleza''. Esta imagem provoca duas reflexões sobre uma suspensão no tempo: a primeira, a cegueira do escultor italiano; depois, o que a cegueira o leva a fazer como ato de redescoberta ou tentativa de sobrepor significados ao que lhe era tão familiar: a beleza vista a olhos nus. Esta quebra, quase abrupta, pode ser tomada como uma geradora de ausências no sentido aparente e linear das coisas. Mas também como geradora de um outro movimento, um redirecionamento no que está posto como comum, como hábito. Um indicativo que podemos estar cegos, de fato e de todo.

São as pequenas migalhas de vida, o que quase não é notado, é que interessam. Estas coisas que aparentemente são nossas brincadeiras de armar, mas que armam ao contrário nosso percurso neste mundo. É a partir desta infalibilidade da passagem do tempo que nos propõe parar um pouco e olhar o que não conseguimos identificar como beleza vista a olhos nus. Viver é olhar para estas coisas quase invisíveis, tateá-las e enfim, construir alguma outra possibilidade.