Graças a Deus

François Ozon é um artista fascinado pela complexidade emocional que envolve o universo feminino. Seus filmes sempre mostram mulheres fortes por isto a surpresa quando ele escolheu uma história real envolvendo abusos sexuais cometidos por padres.

Em contraponto a Spotlight e O Clube, Grâce à Dieu mostra o lado dos meninos.

O que achei grandioso por parte do diretor foi não julgar ou manipular a opinião do espectador. Ele retratou cada pessoa como se fosse única: a reação que teve como criança e adulto no confronto, a postura da família, o apoio das mulheres (sim, no final elas aparecem - em 2o. plano, mas extremamente essenciais no encorajamento para que estes meninos, agora homens, pudessem enfrentar o passado) mostrando que não existe padrão, nem hora certa ou não, resposta adequada ou justificativa que possa explicar ou curar o que se passou.

Para mim, o que fica é que, independente do perdão (que nunca é para o perpetrador e sim para as vítimas) é a justiça: ficar calado é consentir e - pior - permitir que outros inocentes passem por isto.

PS- Preste atenção nos diálogos e descubra de onde vem o título do filme (shame on you, Barbarin).