25 October 2018

John Mc Enroe: no império da perfeição

Educativo até a medula rsrsrs.

Um ensaio fílmico sobre a lenda do tênis John McEnroe no auge de sua carreira e no topo do ranking mundial, documentando sua busca pela perfeição, frustrações e a pior derrota de sua carreira no Aberto de Roland-Garros em 1984.


Tudo o que eu teria para dizer, o Barcinski já falou - vai lá: https://blogdobarcinski.blogosfera.uol.com.br/2018/10/03/filme-revela-a-arte-de-john-mcenroe-genio-do-tenis/

24 October 2018

Maya

A Mostra começou com tão pouca informação que fiz escolhas não pelos projetos, mas pelos realizadores. Confiança é isto. É você se abrir para o que o outro tem a oferecer mesmo sem saber o que será.

E porque confia nele e no olhar que tem, você sabe que ele vai trazer o melhor. Vai tirar você da zona de conforto para enxergar coisas com as quais não está acostumando e prestar atenção em coisas que não teria visto sozinho.

Mia Hansen-Love é um deles ; ).

Um rapaz toma banho num hotel. Quando fecha a torneira e começa a se enxugar, nota-se um hematoma feio nas costas. Com o corpo ainda úmido, coloca as calças, olha-se no espelho, pega uma tesoura e corta a barba hipster. Quando o jatinho pousa, repórteres aguardam no aeroporto.

E aí que descobrimos que Gabriel é um repórter de guerra que foi sequestrado por terroristas sírios e libertado mediante pagamento de resgate. Após os procedimentos de praxe (exames médicos, avaliação psicológica, encontro com as pessoas próximas), ele decide deixar Paris e passar um tempo na Índia.

E o filme parece começar neste instante porque você vai descobrindo o universo interior do personagem que é hermético por natureza, a infância sofrida que trouxe consequências devastadoras (assim como pessoas que aparentam estar tudo bem por fora, mas por dentro está tudo despedaçado).

A diretora é de uma delicadeza porque optou por não fazer julgamentos - pelo contrário, mostra que todas escolhas envolvem sofrimento mesmo que a olhos nus pareçam superficiais (preste atenção no rosto da mãe após deixar o encontro).

Outra delicadeza é Maya, a única personagem que parece estar inteira ("seja pouco, mas seja você"). Maya também tem uma história de sofrimento, mas nem por isto esconde ou deixa a dor definir quem ela é. E, enquanto todos procuram motivos para justificar seus tormentos, Maya é a única que tem leveza para olhar para o futuro.

É neste momento que Gabriel precisa decidir se irá se reconciliar consigo e viver de verdade ou se continua fugindo de si e confundindo fazer com ser. Porque se a gente não tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, a coisa mais fácil é ficar preso num círculo vicioso de repetir os erros.

O que ficou para mim é que, às vezes, não é questão de faltar amor para um relacionamento dar certo, mas a indisponibilidade emocional de uma delas. Uma até pode ser sincera, mas se as duas não estiverem de coração aberto para viver - e morrer - por este amor, esquece.

Tristeza é encontrar o amor da sua vida e não saber dar valor.

Porque o tempo não volta e o que você deixou de viver, adeus.

15 October 2018

Papillon

Papillon é uma história real e impactante, que foi filmada duas vezes, e que conta as agruras e a fuga fabulosa de um prisioneiro francês na Guiana Francesa.

O que achei mais tocante foi perceber que, mais do que julgar os atos do protagonista, o filme fala sobre esperança e fidelidade, qualidades tão raras nos dias de hoje.

Outra reflexão interessante é sobre zona de conforto e pertencimento (procurarmos e acharmos nosso lugar no mundo) sem que isto signifique revolta ou acomodação.

Saí da sala com vontade de assistir a 1a. versão, filmada em 1973.

PS- Gentem, pára o ônibus que eu quero descer rsrsrsr. O cara era mó 171, espia só:
  • https://istoe.com.br/8821_A+VERDADEIRA+HISTORIA+DE+PAPILLON/
  • http://www.mundogump.com.br/papillon-e-o-homem-que-enganou-o-mundo/
  • 09 October 2018

    Os invisíveis

    Quando li a resenha, pensei tristemente: vou assistir mais um filme enaltecendo a covardia como forma de sobrevivência (que bom que eu estava errada).

    O filme conta a história real e aterrorizante de 4 jovens que sobreviveram ao extermínio antissemita.

    Um se escondeu na casa de várias famílias, o outro falsificava documentos, a outra se fingiu de viúva e trabalhou na casa de um alto funcionário alemão e a última se misturava às aglomerações de pessoas na rua.

    Além da coragem própria da idade, penso que a melhor maneira de responder a uma situação absurda é viver de maneira criativa e ousada como eles viveram (principalmente Cioma). E o que achei mais lindo foi constatar que não se tornaram pessoas amargas, pelo contrário, alguns até ajudaram os outros (preste atenção nos últimos 10 minutos, quando as mulheres judias 'salvam' algumas mulheres alemãs).

    PS- Para ler outra opinião, vai lá: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/10/os-invisiveis-narra-como-judeus-berlinenses-se-salvaram-na-2a-guerra.shtml

    06 October 2018

    This is it

    Mais do que rei do pop, Michael Jackson foi um gênio (por isto as pessoas não o compreendiam).

    Compositor talentoso, exímio cantor (que voz!), excelente dançarino, coreógrafo de corpo e alma, enfim, um artista completo.

    Só hoje assisti o documentário que seria o seu último show e fiquei arrepiada.

    Filmado em 2009, mostra como Michael Jackson estava à frente do seu tempo - sem abrir a boca, dava seu recado poderoso sobre gênero, raça e hierarquia (se impunha com educação e delicadeza, sem precisar ser grosso ou dar piti).

    Resumo da ópera: além da produção ser impecável (quantas ideias incríveis no ensaio!) fiquei c-o-m-p-l-e-t-a-m-e-n-t-e apaixonada pelo MJ < 3.

    Assista correndo e deleite-se, conhecendo ou não o maior artista de todos os tempos : )))

    PS1- Dúvida cruel|: se estivesse vivo, o que estaria criando hoje (pq gente visionária enxerga o futuro antes que todo mundo)?

    PS2- Sobre o passado: ao assistir o documentário fica claro que MJ não assediou nenhuma criança (quem tem um mínimo de bom senso e discernimento percebe que, pelo temperamento e caráter, não seria capaz). Ele foi vítima do que hoje chamamos de fake news (era tão puro que só se sentia seguro e à vontade com crianças; infelizmente  não percebeu que poderia ser presa fácil de pais inescrupulosos). A sensação que tenho é que, depois de ser acusado injustamente, passou a dopar a alma para não sentir dor (para quem é decente, a pior coisa é ser acusado de algo que não cometeu).

    03 October 2018

    O orgulho

    Gentem, este filme é s-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l!!!

    Trama inteligente, diálogos afiados, personagens carismáticos, interpretação primorosa - quer mais?

    Pierre é um talentoso professor universitário que sente prazer em humilhar as pessoas. E Naila Salah, em seu 1o. dia de Sorbonne, se torna sua vítima diante de uma centena de alunos.

    Só que ela não se intimida, retruca à altura e a discussão é filmada pelos colegas de classe que imediatamente postam na rede a troca de farpas.

    Começa então um repúdio que chega à reitoria pedindo a cabeça do professor, porém um diretor cria um estratagema: Pierre deve mentorear a caloura, preparando-a para representar a universidade num concurso de retórica. Desta forma atrai mídia e simpatia do público.

    O desenrolar do filme é de uma delicadeza de encher os olhos: de adversários ferrenhos, os dois se tornam amigos a ponto de trocar confidências e aprendizado.

    Em paralelo, Naila se declara a Munir, seu amigo de infância, e os dois se tornam namorados.

    É muita linda a transformação física e emocional de Naila, por isto o choque perto do fim.

    Será que ela vai perder a essência? Será que vai sucumbir diante da decepção?

    Outro personagem forte (este sim, o verdadeiro heroi) é Munir que, da sua simplicidade, sustenta com robustez o que acredita e diz verdades cortantes à Naila (impossível não se apaixonar por ele).

    Le Brio é um filme para sair do cinema com o coração despedaçado e de alma lavada (cuidado para não morrer alagado ao sair da sala inundada de lágrimas).

    PS1- Por que sempre 'desconfio' de que obras de arte só podem nascer de pessoas incríveis (e Yvan Attal é uma delas)?

    PS2- Para ´ouvir´outra opinião, vai lá rsr: https://movienonsense.com/2018/07/29/le-brio-o-orgulho/

    01 October 2018

    Una

    Cééééus, que filme triste ; (

    O lado bom é que nem parece americano hahaha!

    Rooney Mara interpreta uma jovem que resolve confrontar o homem que abusou dela quando criança - só que as coisas não são muito beeem como parecem...

    Os personagens são dúbios, não dá para saber se a garota amava (ou usou o sexo como isca de manipulação e poder) e se o homem era perdido e imaturo emocionalmente (por isso se envolveu com uma criança) ou se usava da mentira para se esconder (socorro que a pior mentira é mentir para si mesmo), afff.

    Assista num dia em que estiver com paciência e sem pedras de pré-julgamento na mão (a beleza da mensagem está na sutileza e nos detalhes).