07 November 2016

Depois da Tempestade

Quando a gente gosta de um diretor (e se sua trajetória possui consistência), é natural a gente ficar na expectativa da próxima produção.

E o Hirokazu Koreeda é um diretor sensível, com um olhar especial para abordar o universo infantil.

Por isto, depois de ser arrebatada pelos delicados Ninguém pode saber, Kiseki, Pais & Filhos e Nossa irmã mais nova, confesso que saí da sala com gosto de guarda-chuva na boca rsrsrsr.

Depois da Tempestade conta a história de um homem inteligente que se perdeu no meio do caminho: talentoso, escritor jovem, mas agora tornou-se um detetive que perde todo o salário em jogatinas e por isto mesmo é largado pela esposa e pelo filho.

Vive de 'aplicar' golpes nos clientes ou de bicos, mas o mais patético é que, ao imaginar que engana aos outros, ele engana a si mesmo (e assim a vida não se desenvolve porque onde há dor, aí há vida).

O que achei importante foi mostrar o quão arruinante é tomar posse de uma maldição hereditária: pai jogador, filho jogador; pai errático, filho errático...

... e por aí vai o ciclo de vidas estragadas ao longo de gerações.

É preciso quebrar o aguilhão - mas como?

Sim, só quando ele se percebe amado, é possível romper com o passado, e assim seguir adiante.

PS- Sorry, Koreeda, mas quem melhor usou a tempestade como metáfora foi a Naomi Kawase no excelente O segredo das águas.

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