28 April 2016

O dono do jogo

Produzido por Tobey Maguire, o filme conta parte da trajetória excêntrica do talentoso americano Bobby Fischer que, ainda criança, derrotava diversos oponentes no xadrez.

Duas coisas chamaram minha atenção:
  • a capacidade de persistir, apesar de ser incompreendido e muitas vezes ser taxado de louco;
  • todo gênio tem um quê de louco (preste atenção na partida final com o russo) rsrs.
Para sair do cinema com fé em si (mesmo que as evidências e todos se mostrem ao contrário) rsrsr.

PS- Para saber mais, vai lá: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/04/1765699-filme-o-dono-do-jogo-mescla-3-narrativas-mas-nao-as-desenvolve.shtml
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24 April 2016

Truman

Eita, o Ricardo Darin manda bem messsssmo ; ).

Neste filme, ele interpreta um prestigioso ator que está em fase terminal e decide interromper o tratamento. Aí o melhor amigo (Javier Camara, excelente como sempre) atravessa o continente para passar um tempinho com ele.

A história em si é melancólica mas muito bem escrita; no entanto, a estrela principal é a atuação: todos atores sem exceção estão convincentes em seus papéis.

O que achei legal foi mostrar a lucidez para enfrentar algo difícil, a descoberta surpreendente do que está dentro das pessoas (o amor vem de onde menos se espera) e o poder da amizade.

22 April 2016

Ave, Cesar!

Inteligente, sarcástico, bem editado, bem produzido, bem interpretado.

Amo tudo o que os irmãos Coen fazem e Ave, Cesar! não poderia ser diferente rsrsrsr.

Ambientada nos anos 50, a trama é recheada de metáforas (a atriz nadadora, o ator dançarino, a latina que é cantora, o astro que é 'simpres') rsrsrsr e por aí vai.

O mais bonitinho é ver a pureza de coração do bambambam que apaga todos os 'incêndios', digo, escândalos nos estúdios de Hollywood: sua maior preocupação é cumprir a promessa de parar de fumar e ser um pai de família e marido decente.

O final também é uma graça (recado para todos os workaholics de plantão): dê o seu melhor, divirta-se (ao invés de sofrer com o que não dá certo) e tudo acabará bem (afinal *como se vive a vida* é o mais importante).

21 April 2016

Mogli

Caaaaara!

Tudo o que o Jon Favreau coloca a mão, dá certo (e ele nem é chef) hahahah!

Ele deu uma roupagem interessantíssima ao clássico Mogli, capaz de agradar adultos e crianças.

Um menino criado entre lobos precisa decidir sua identidade: assumir quem é (selvagem) ou o que aparenta ser (humano).

As paisagens são incríveis, a história é dinâmica e o roteiro recheado de reviravoltas : ))).

Para a criança (interior, que todo adulto tem dentro de si) se deleitar e amar!

20 April 2016

Filmes de Cannes que estreiam no Brasil em 2016

Fique de olho ; )!

Se você é cinéfilo desde criancinha e não vai viajar para fora tão cedo, seguem as estreias mais aguardadas do ano (dureza vai ser aguentar a ansiedade) rsrsrsr: http://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/filmes-de-cannes-que-estreiam-no-brasil-em-2016
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15 April 2016

O clube

D-e-v-a-s-t-a-d-o-r!

Quatro padres e uma madre moram à beira-mar e aparentemente levam uma vida casta num retiro espiritual. A rotina é quebrada com a chegada de outro padre, que se mata logo no 1o.dia.

Um inquérito dentro da Igreja é aberto para averiguar as causas e, tudo o que parece ser, se mostra pior do que se poderia imaginar.

Traçando um paralelismo com a vida, me assusta saber que a maldade pode estar mascarada de bem até dentro de nós.

Para defender os próprios interesses, as pessoas são capazes de tudo, até de matar inocentes e cometer as piores atrocidades.

E como sempre, os piores canalhas são os que parecem ser mais legais (mêda de gente que só mostra o lado bonito; acorda, Alice... sai do país das maravilhosas, ninguém é perfeito).

A narrativa vai num crescente de maldade para o público se acostumar, aguentar e ter estômago para digerir as cenas finais.

Preste atenção no assassinato que é tirar a dignidade de uma pessoa tratando-a como objeto (abuso físico, emocional e espiritual)... o mais triste é que a pessoa nem se dá conta.

O encerramento é para ter pesadelos para o resto da vida.

PS- Assista depois de ver ou ler Spotlight (ki-suco perto do mar de vinagre que é O Clube).

13 April 2016

Sabor da Vida

Wow, um dos filmes mais lindos e sensíveis que vi em toda a minha vida ; ).

Sabor da Vida conta a história de uma senhora que se oferece para trabalhar numa lojinha de dorayaki (doce japonês feito com pasta de azuki). Ela tem uma deficiência nas mãos, mas é cozinheira de mão cheia.

O filme interliga diversos personagens: o chef (walking dead), uma menina (kawaii, mas melancólica até a medula), sua mãe (vazia e superficial), adolescentes (barulhentas e fúteis), a dona do estabelecimento (realista e sem apego) e por aí vai.

O que mais me tocou foi a delicadeza da diretora (as cenas são incríveis, mó prato cheio para quem curte cultura japonesa e adora comunicação não-verbal) em mostrar que as pessoas mais humildes, mais desprezadas e mais quebradas são as que tem maior poder para oferecer cura ao mundo.

A senhorinha, machucada fisicamente e emocionalmente pela vida, é uma heroina ao escolher não ser um joguete nas mãos dos destino e se lamentar pelas agruras que sofreu nas mãos dos outros (metáfora para sua doença) - com sua vida, amor, sensibilidade e capacidade de observação, ela abençoa todos que a cercam

É muito interessante o jogo de chiaroscuro que a Naomi Kawase faz das diversas faixas etárias, os questionamentos peculiares em cada fase da vida, a caracterização psicológica dos personagens como das cenas (a purificação do azuki no processo de cozimento, a passagem do tempo por meio das cerejeiras em flor)...

Para sair da sala instruído, com a alma purificada... e desidratado (chorei cântaros ; )!

05 April 2016

O quarto de Jack

Instigada pelo artigo do Contardo Calligaris sobre o filme, lá vou eu tentar deixar o preconceito de lado e conferir se é tudo isto mesmo (afff... que mulé desconfiada) rsrsrsr.

Well... é melhor do que esperava ; ).

Apesar da crueza do tema, o diretor conseguiu passar sensibilidade e delicadeza, e aquele garotinho é um achado (ele sim, é que deveria ter levado o Oscar)!

Uma adolescente é sequestrada e mantida no cativeiro ao longo de 7 anos, sendo estuprada repetidas vezes. O menininho, fruto dessa violência, não conhece o mundo e toma como universo aquele quarto.

O mais interessante é perceber que esta prisão acaba sendo uma metáfora da vida virtual: a gente 'acha que' sabe tudo, 'acha que' conhece o mundo, 'acha que' tem controle das coisas e, quando menos espera...

... é surpreendido por revelações que a geração anterior, por fim, descortina: um mundo maior do que poderíamos imaginar (talvez por nossa imaturidade, talvez por despreparado dos 'tidos' como maduros).

Aquele quarto é o mundo apertado que a atualidade tornou: pequeno, cego pela intolerância, com a visão perdida do abrangente.

Até a coragem se tornar maior que o medo e...

... ao enfrentar, descobrirmos que a prisão a ser vencida na verdade está dentro de nós.

Ou seja, é preciso reaprender a viver com e em liberdade porque a abundância de opções também pode se tornar uma prisão de ilusões.

Estar saudável (antônimo de doente) é essencial para passar nosso legado à próxima geração ; ).

Outra coisa muito linda é mostrar a robustez que uma pessoa ganha quando decide ajudar outra. Parece que a responsabilidade traz consigo uma força descomunal que nasce do compromisso de assumir cuidar de alguém.

Como sempre, o desafio é seguir em frente (eu sei, é difícil) deixando para trás o passado, os questionamentos (por que eu), a tristeza pelo período de vida roubado e perdido (que não volta mais) e não se deixar deformar ou ser corroído pela amargura.

Momento-pérola: o encerramento, que ensina a importância de se despedir de um ciclo para começar outro.

PS- Para ouvir outra opinião: http://www.theguardian.com/film/2016/jan/17/room-review-lenny-abrahamson-brie-larson-jacob-tremblay
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04 April 2016

Os desajustados

Um dos filmes mais fabulosos de toda a temporada ; )!

Inteligente, sensível, engraçado, profundo, tocante...

Fúsi é um homem quarentão que parece ser looser (olha o julgamento raso): feio, coleciona brinquedos, sofre bullying no trabalho, mora com a mãe e vive esbarrando com o namorado dela pela casa em situações prá lá de bizarras...

Mas seu coração consegue ser maior do que ele: transbordante de amor, pronto a perdoar, generoso (até com quem não merece).

A história é contada com uma delicadeza impossível de descrever por estar nos pequenos detalhes: na pureza com que conversa com uma criança, no cuidado que oferece a uma depressiva...

E como sempre, o amor e a dignidade vem de onde menos se espera ou imagina: nos fracos, nos desprezados, nos humildes, na escória que o mundo rejeitou.

Nem preciso dizer que chorei cântaros ; ).

Pérola para quem acredita no poder transformador de uma amizade.

PS- Para ter uma ideia do que estou falando, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=q34DavoaEdE
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