Instigada pelo
artigo do Contardo Calligaris sobre o filme, lá vou eu tentar deixar o preconceito de lado e conferir se é tudo isto mesmo (afff... que mulé desconfiada) rsrsrsr.
Well... é melhor do que esperava ; ).
Apesar da crueza do tema, o diretor conseguiu passar sensibilidade e delicadeza, e aquele garotinho é um achado (ele sim, é que deveria ter levado o Oscar)!
Uma adolescente é sequestrada e mantida no cativeiro ao longo de 7 anos, sendo estuprada repetidas vezes. O menininho, fruto dessa violência, não conhece o mundo e toma como universo aquele quarto.
O mais interessante é perceber que esta prisão acaba sendo uma metáfora da vida virtual: a gente 'acha que' sabe tudo, 'acha que' conhece o mundo, 'acha que' tem controle das coisas e, quando menos espera...
... é surpreendido por revelações que a geração anterior, por fim, descortina: um mundo maior do que poderíamos imaginar (talvez por nossa imaturidade, talvez por despreparado dos 'tidos' como maduros).
Aquele quarto é o mundo apertado que a atualidade tornou: pequeno, cego pela intolerância, com a visão perdida do abrangente.
Até a coragem se tornar maior que o medo e...
... ao enfrentar, descobrirmos que a prisão a ser vencida na verdade está dentro de nós.
Ou seja, é preciso reaprender a viver
com e
em liberdade porque a abundância de opções também pode se tornar uma prisão de ilusões.
Estar saudável (antônimo de doente) é essencial para passar nosso legado à próxima geração ; ).
Outra coisa muito linda é mostrar a robustez que uma pessoa ganha quando decide ajudar outra. Parece que a responsabilidade traz consigo uma força descomunal que nasce do compromisso de assumir cuidar de alguém.
Como sempre, o desafio é
seguir em frente (eu sei, é difícil) deixando para trás o passado, os questionamentos (por que eu), a tristeza pelo período de vida roubado e perdido (que não volta mais) e não se deixar deformar ou ser corroído pela amargura.
Momento-pérola: o encerramento, que ensina a importância de se despedir de um ciclo para começar outro.
PS- Para ouvir outra opinião: http://www.theguardian.com/film/2016/jan/17/room-review-lenny-abrahamson-brie-larson-jacob-tremblay
.