27 April 2015

O dançarino do deserto

Que filme mais lindo ; )!

Conta a história real de um rapaz iraniano que enfrentou diversas adversidades para fazer o que mais gostava: dançar.

O que achei bacana foi constatar que ele não esperou pelo momento ideal, pelo contrário, foi atrás do que acreditava ainda que tivesse de arriscar a vida.

Ou seja, mó tapa na cara para a gente que se acomoda por pouco e se acovarda para a vida.

26 April 2015

O sal da terra

Muito linda a fotografia do filme sobre o trabalho do Sebastião Salgado.

É como se fosse um livro narrado, onde ele conta a história por trás das fotos.

Mas ficou uma coisa meio chapa branca, tendenciosa, porque não mostrou muita coisa sobre a vida dele.

A gente sai do cinema com um monte de pergunta (muito limpinha a narrativa - e como a ficção costuma ser mais branda que a vida real, de cara já rola uma desconfiança, um estranhamento).

Qual a necessidade de esconder os perrengues se são exatamente eles que nos humanizam?

Até parece propaganda eleitoral do PT apenas mostrando as partes bonitas (rsrsrsr). Porque a fazenda recuperada ecologicamente (não tiro o mérito) parece justificativa para o enriquecimento.

Outra coisa: não entendi o Wim Wenders entrar nessa furada (mó ingenuidade da parte dele).

Bom, para saber mais sobre os lugares de conflito visitados pelo fotógrafo como Ruanda e Etiópia, recomendo Hotel Ruanda e Herói de nosso tempo.

E para entender um pouco sobre o que move um bom fotógrafo, assista o filme A vida secreta de Walter Mitty (mas preste atenção no personagem O' Connell, representado pelo excelente Sean Penn).

23 April 2015

Alabama Monroe

Wow, que filme maravilhoso!

Lindo, poético, visceral e doloroso.

Um casal de artistas - ele cantor, ela tatuadora - se apaixona perdidamente, se ama, faz uma filha e sofre até não poder mais.

A história é recheada por canções incríveis que valem cada segundo do filme.

Para ver, se encantar e emocionar (e perceber que o amor por si só não basta; é preciso acreditar nas mesmas coisas pois são elas que irão sustentar o relacionamento quando o perrengue vier).

PS- Para conferir a maravilhosa trilha sonora, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=XKbTtoNsm5U

22 April 2015

Nebraska

Nossa, um dos filmes mais bizarros dos últimos tempos rsrsr.

Um idoso teimoso cisma que ganhou na loteria e sai para buscar o prêmio.

O filho mais novo, que após tentativas frustradas de chamar o pai à razão, se junta à jornada.

A mãe, que só inferniza a vida de todos, resolve ir atrás dos dois.

Ou seja, retrato perfeito da família ocidental moderna (disfuncional até a medula).

A partir daí, espere pelas situações mais absurdas que vão descortinando a história escondida de cada personagem.

Muito criativa a construção da narrativa, não perca rsrsrs.

12 April 2015

Boyhood

Finalmente vi o filme mais trabalhoso de todos os tempos (afinal foram 12 anos de produção) rsrsrsr.

Concorrente ao Oscar nas categorias de melhor filme e melhor diretor, abocanhou apenas a estatueta de melhor atriz coadjuvante (Patricia Arquette, que arrasou no discurso feminista) rsrsrs.

Boyhood conta as agruras de Mason que, de garoto se transforma em homem, passando pelas descobertas na escola, na família e no amor.

PS1- Corre à boca pequena que o diretor pretende dar continuidade à história (é esperar para ver; ).

PS2- Para ler outra opinião sobre o filme, vai lá: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2015/02/11/boyhood-ou-o-caminho-dos-lirios/

11 April 2015

O ano mais violento

Wow, que filme formidável ; ).

Abel Morales é um cara que em 1981, o ano mais violento de NYC, quer expandir seus negócios na base da integridade.

E claro, como tudo na vida, até para ser honesto tem um preço (caro por sinal).

A mulher, ao contrário dele que é a pureza em forma de gente, é assertiva e pavio curto.

O que achei incrível é que Abel vai até as últimas consequências para atingir os objetivos de maneira correta.

A direção de arte é primorosa - preste atenção na cena em que ele e os concorrentes estão numa mesa - paralelismo total com o Poderoso Chefão (só que para defender o bem : ).

A cena final é de arrepiar.

Para sair do cinema refletindo sobre a dificuldade que é escolher viver uma vida decente.

10 April 2015

As duas faces de janeiro

Tem filmes que a gente assiste pelo elenco (tem o dedo bom para escolher quais projetos fazer parte).

E Viggo Mortensen, Kirsten Dunst e Oscar Isaac é garantia na certa (dureza que ficou pouco tempo em cartaz).

Um casal viaja pela Grécia e é notado por um guia que ganha dinheiro aplicando pequenos golpes em turistas.

Só que um crime muito grave acontece e o guia se vê envolvido involuntariamente.

Agora, o objetivo dos três é esconder-se no interior do país para escapar da polícia e ganhar tempo até conseguir passaporte falso para escapar da Ilha.

A trama é nervosa (Patricia Highsmith na veia) e as locações são de arrasar (ruínas históricas e arquitetônicas da Grécia e Turquia).

Se você curte adrenalina, assista correndo ; )!

09 April 2015

Anti-cristo

Lars von Trier adora chocar, então se vc espera algo convencional, nem perca seu tempo rsrsr.

Anti-cristo (o diretor já começa a polemizar pela escolha do nome) rsrssr conta a história de um casal que acabou de perder um filho pequeno. A mãe, corroída pela culpa, é uma intelectual que passa a ser tratada pelo próprio marido, um psiquiatra.

Os diálogos começam afiados e estabelece-se uma dinâmica explosiva - e sonho de consumo de toda lôca hahaha - um cara que a todo custo se mostra interessado em entendê-la, ser parceiro, aceitá-la, ser racional e aguentar todo tipo de ataque.

Os dois vão para uma propriedade que fica no meio da mata chamado Éden (mais clichê, impossível) e aí começam as bizarrices do diretor rsrsrs.

Achei a história interessante, mas algumas cenas são desnecessárias (chega a ser hilário, para não dizer infantil) rsrsrsr. Não sei se foi por ter assistido em DVD (perde a densidade e o impacto visual) mas parecia um thriller mal feito, com um monte de erros primários.

Por exemplo, tem uma cena em que a mulher dá uma pancada no marido e este fica inconsciente. Aí ela aproveita, e coloca um ferro na perna dele (detalhe: que atravessa de um lado para o outro). Gentem, um pequeno corte é capaz de provocar uma dor lancinante... e o cara nem acorda?! Faça-me o favor, Lars... não abuse da minha inteligência rsrsrsrs.

Outra coisa: a mulher faz uma automutilação com uma tesoura prá lá de enferrujada... Lars, por muito menos, se pega tétano rsrsrsr.

E por aí vai.

O final tenta ser apotéotico (shame on you) hahahaha.

Calma, não vou contar (mas até tem lógica) rsrsrsr: só depois de silenciar o potencial destrutivo de uma mulher, é possível reunir o gênero feminino.

PS- Se você adora uma metáfora, veja se o filho e o pai não são uma coisa só (o gênero masculino reunido, vítima da insanidade feminina) hahahaha. O interessante é que eles são atingidos nos pés e nas pernas, órgãos responsáveis pela sustentação (ou seja, qualquer semelhança não é mera coincidência) rsrsrs.

08 April 2015

O Novo Mundo

Um dos filmes mais lindos de todos os tempos ; )!

Como sempre, Terrence Malick surpreende pela beleza de suas narrativas.

O Novo Mundo traz o épico da colonização americana por meio do amor de Pocahontas e Smith.

Ela é a selvagem que Smith imagina educar, porém são os indígenas que vivem de maneira harmônica com a natureza enquanto os ingleses trazem consigo o mal da civilização.

O que achei lindo:
  • o contraste entre as duas culturas (afinal, quem ensina quem?) hahah;
  • a capacidade factível de entrega e amor de Pocahontas (foi banida da aldeia, da família);
  • a volatilidade e superficialidade interior de Smith (sentia que amava, mas suas atitudes não sustentavam suas ideias: não teve a decência de se despedir, nem se preocupou com o bem-estar dela);
  • o amor que chega de mansinho sem a gente perceber, e que é paciente; aceita sem impor regras, dá liberdade e deixa o outro à vontade;
  • a inteligência sutil de não estereotipar (como se todos os integrantes do Velho Continente fossem fúteis);
  • a composição do figurino (Smith de armadura, fechado para o amor; a corte em Londres, com pássaros raros mas presos na gaiola); 
  • as metáforas (a sina de Smith prisioneiro, não fisicamente mas emocionalmente).
A única coisa que achei pobre foi o mito romântico do bom selvagem.

O final é lindo: é a vitória da grandeza do Amor, a descoberta de que o Novo Mundo não está no passado nem a opulência, mas dentro da gente.

Assista (e deleite-se) correndo rsrsrss!

Dica duca: na sequência, assista A árvore da Vida e Amor Pleno (até parece uma trilogia sobre as formas de amor ao longo dos tempos).

06 April 2015

Timbuktu

Que filme sensacional ; ).

A gente não aprende mesmo: esquece que qualquer filme estrangeiro indicado ao Oscar com certeza sempre é melhor do que qualquer filme americano arrasa quarteirão rsrsrsr!

Timbuktu é uma região em que os jihads controlam restringindo a vida dos moradores locais: não podem ouvir música, não podem jogar futebol (as mulheres então, nem se fala: tem de usar véus, meias, luvas)... socorro!

O mais maravilhoso é que, apesar de tantas restrições, a população mostra uma robustez de princípios e uma riqueza na dignidade que envergonham (ou deveriam envergonhar) muitos de nós que vivemos numa pretensa opulência de liberdade ocidental.

A aridez do deserto contrasta com o colorido dos detalhes (roupas, acessórios) e cada personagem tem uma micro-história de cortar o coração (e recheada de metáforas).

Preste atenção na cena em que uma mulher é chicoteada por ter cantado (e sua postura de resistência)... veja se onde você vive (ou está) não tem gente sendo punida por esbanjar demais felicidade.

A cena final também é um tapa na cara (calma, não vou contar) rsrsrsrs.

Para ver, rever, pensar, refletir e agir ; ).

PS- Para ouvir algumas faixas da trilha, vai lá:

  • https://www.youtube.com/watch?v=8yOfimHhARw
  • https://www.youtube.com/watch?v=e3wDBPkhDGY

  • 05 April 2015

    Fim de semana em Paris

    Como 3a. idade tem sido tema recorrente de reflexão, lá vou eu : )).

    Um casal de professores universitários resolve comemorar os 30 anos de união no mesmo hotel em que passaram a lua de mel. Só que o lugar virou um B&B, moderninho demais para o gosto deles rsrsr. Resultado: a mulher surta e o marido vai atrás, rumo ao Plaza Athénée (porque de boba, ela não tem nada, né) rsrsrsr.

    A partir daí, instaura-se uma troca afiada de farpas com direito à abertura de todos os baús de mágoas e ressentimentos que o casal acumulou ao longo dos anos, que você fica se perguntando: - céus, por que as pessoas guardam e vomitam o que elas tem de pior dentro de si para as pessoas que teoricamente deveriam mais amar?

    Mas a graça do filme é exatamente esta: porque debaixo do mar de lama, ainda existe amor, admiração, desejo.

    O filme tem umas cenas requentadas (quem assistiu Elsa & Fred sabe do que estou falando) rsrsrsr, mas a impagável é a que todos estão na mesa de jantar e o marido, prá de Bagdá (porque fumou um baseado com o filho do anfitrião) resolve escancarar o que se passa dentro dele e... wow! Mó banho de lucidez (o melhor é a cara das pessoas: paisagem total) hahahah.

    O incrível é que o casal em questão não está nem aí para o que os outros vão pensar.

    É como que, atingindo aquele patamar, não precisassem mais da aprovação de ninguém, apenas de si mesmos.

    O melhor diálogo, sem dúvida, é do Nick com o ex-colega de faculdade quando confidencia como foi largar a 1a. mulher:

    - Prá que? E você acha que começa uma nova vida deixando de ser quem você é?