Existe um ditado anglo-saxão que diz que o fruto não cai longe da árvore. O que isto significa?
Que não somos tão diferentes de nossos pais. Será?
E quando
o fruto cai longe da árvore? Ou será que o mundo está apenas se deteriorando e, como o médico suíço
Paul Tournier diz, a única coisa que podemos fazer é pedir perdão à próxima geração por deixar um mundo doente de herança?
Peter acabou de ser pai, mas tem outro filho do seu primeiro casamento. A ex-mulher disse que não tem mais condições emocionais de ficar com o adolescente, então o rapaz passa a morar com o pai. Regras não são colocadas na mesa e o inevitável acontece: os problemas persistem no novo lar e na nova escola (sim, pq não basta sair da favela se a favela continua dentro de vc).
Por outro lado, Peter também é filho. E a relação com seu pai encontra-se em estado de decomposição.
O que rege nossas vidas? Nossos traumas, nossas fantasias, nosso desespero, nossa necessidade de controlar os outros e o mundo? Como conciliar vida social (trabalho, família, amigos) com vida interior (pensamentos, sonhos)?
O filme é seco, duro, verdadeiro. E poucas pessoas suportam tanta verdade sem um pouco de doçura, de um mar de amor.
Filhos de pais separados podem fazer o que quiserem? Qual é o limite para mentir, manipular e buscar apenas o que é conveniente para si? Não assumir a responsabilidade pela própria vida e jogar a culpa de sua infelicidade nos outros é eficaz? E quando os pais estão mais preocupados consigo mesmos que não conseguem enxergar o que é melhor para os filhos? Ser pai é dizer não e educar (eu sei, dá trabalho) ou passar o pano e quando o filho receber o 1o não na rua ter uma síncope? Amor é parecer bom ou fazer aquilo que precisa ser feito?
The son lembra uma tragédia grega que traz as dores da alma (tédio, culpa e lágrimas) e foi escrita originalmente para o teatro como parte da trilogia
The father e The mother. Enquanto
The father traz a demência dos velhos, The son mostra a depressão dos jovens. Em ambos os casos, todos estão sozinhos em seus enfrentamentos, ninguém consegue ajudá-los.
Dica: não leve estilete na bolsa para correr o risco de se cortar no final do filme.
Lição que fica: pior do que não ter pai é ser órfão de pais vivos.
Desafio: em qualquer fase da vida tornar-se sábio é opcional, envelhecer não é.