31 October 2017

Happy End

A função da arte é expandir horizontes seja pelo sublime ou pelo choque (e o Haneke é de uma lucidez que espanta) rsrsrs.

Apesar das críticas negativas, gostei bastante (uma espécie de melting pot entre A fita branca com Amor).

O começo até parece pegadinha: uma câmera de celular registra uma mulher de costas num momento de intimidade e depois o desabafo de uma adolescente (será brincadeira ou verdade poética) rsrsrs. Mas ao longo do filme, você descobre que o abismo é beeeeeem mais embaixo (confusão emocional: você não sabe se ri do grotesco ou se chora pela crítica à realidade).

Resumo da ópera: assiiiiiiiista (e se não assistiu os dois filmes citados, recomendo) rsr.

30 October 2017

Cleo das 5 às 7

Agnes Varda é uma cineasta de 89 anos que continua na ativa.

Homenageada na 41a. Mostra, lá fui eu conferir uma de suas obras para formar minha própria opinião.

Cleo das 5 às 7 é um filme de 1962 bem estilo mulherzinha (que eu odeio): começa cheio de futilidades (mulher linda e insegura consulta tarot), preocupada em agradar seu homem (quer dizer, à parte que lhe cabe) e mestre em sapatear na cabeça de quem não pode se defender.

A parte mais tocante é quando ela conhece Antoine (as falas deste personagem são as pérolas do filme) trazendo leveza e paz (o demônio está mais na nossa cabeça do que na realidade - por piores que sejam as coisas que tenhamos de enfrentar, o mais importante é perceber que não estamos sozinhos).

Decepção final: o filme anunciava um 'brinde' do Godard no encerramento, mas pelo visto só rolou na exibição original (snifff, saí da sala chupando o dedo) rsrsrs.

20 October 2017

Esplendor

Aaaaaamo tudo o que a Naomi Kawase faz ; )!

A crítica acha ela hermética, mas entendo tudo o que ela quer dizer.

OK, concordo que Esplendor não está no mesmo patamar do delicado O segredo das águas ou do tocante Sabor da Vida.

Mas ainda assim é um Kawase : ))).

Um talentoso fotógrafo e cineasta tem uma doença que o faz perder a visão. E uma jovem é contratada para fazer audiodescrição de seu último filme.

O destino dos protagonistas é talhado por meio dos esbarrões que dão, uma na vida do outro (o que incomoda, vira aprendizado).

E claro, sempre tem umas pérolas: a beleza do efêmero, a força da imaginação, o respeito à sensibilidade e por aí vai.

Para quem enxerga com os olhos do coração, é puro deleite - recomendo ; ).

08 October 2017

Franca: chaos and creation

Franca Sozzani é uma das mulheres mais criativas e talentosas da atualidade ; ).

Como publisher, ela inovou ao unir arte, jornalismo e moda. Foi a 1a. editora a colocar celebridade nas capas de revista e, junto com o estilista Gianni Versace, inaugurou a era das top models (Naomi Campbell, Linda Evangelista, Cindy Crawford, Claudia Schiffer). Também desenvolveu parcerias longevas como a que fez com Steven Meisel que por 26 anos fotografou todas as capas da Vogue italiana.


Para mergulhar no mundo de caos e criação de Franca, assista ao documentário realizado pelo filho (mérito dele pelo clima intimista), vai lá: https://www.netflix.com/br/title/80147971

Para se inspirar na coragem desta mulher arrebatadora : ))).


Algumas pérolas:


" Se é para errar, que seja pelas minhas próprias ideias e não dos outros "

" Se assim não serve e não está bom, faça você mesmo "
" Não é questão de liberdade, mas de confiança "
" Fracasso? Todos fracassam porque ninguém é perfeito "
" Eu também sou gênio de reconhecer o talento deles, não é mesmo? "
" Todo dia tenho de fazer algo novo, não dá para ficar parado no tempo "

05 October 2017

Blade Runner 2049

Estava tão pilhada para assistir que nem dormi direito rsrsrsr.

E por tanta expectativa, vai saber, o filme ficou a desejar.

Sim, o Villeneuve é um diretor sensacional. Sim, o Ryan Gosling manda bem s-e-m-p-r-e...maaaas perdeu a aura cult (ficou pretensioso e ao mesmo tempo raso). E o Harrison Ford peloamor, para participar bodeado desse jeito, nem precisava.

Existem filmes que transcendem a direção, por isto querer imprimir autoria é até deselegante (A chegada é muito mais impactante; Blade Runner ficou no dejà vu).

O que achei mais legal foi mostrar o conflito de gerações (enquanto os jovens nunca envelhecem e abortam sem culpa quando algo sai do script, os vintage sofrem, sangram e por isto mesmo mantem a humanidade).

Resumo: - cinéfilo, veja com seus próprios olhos mesmo que seja para não gostar rsrsr.

PS- Para saber do que estou falando, vai lá: http://veja.abril.com.br/especiais/blade-runner-o-livro-meu-reino-por-uma-ovelha/

PS2 - E para ler outra opinião, vai lá: http://www.ultimato.com.br/conteudo/blade-runner-2049-e-a-sociedade-das-aparencias

01 October 2017

Cavaleiro de copas

Sou apaixonada pelo Terrence Malick, mas achei este filme meio indigesto.

Explico: usualmente os filmes dele costumam ser impactantes visualmente e de uma transcendência sem fim (Ok, este filme também tem um pouco disto, mas de outra maneira pois ao invés de retratar a natureza, ele escolheu filmar Las Vegas).

O recado é claro: você pode tentar reunir todas coisas belas num lugar só, porém a verdadeira beleza está dentro de um contexto que reúne coisas boas e outras nem todas juntas (porque não dá para editar a vida).

Outra coisa: cada dia mais evidente é a obsessão do Malick em desmascarar a hombridade - os últimos filmes dele mostram esta geração que de empoderada não tem nada, pelo contrário, ainda precisa achar o próprio caminho.

O filme mostra aliás uma narrativa bem bacana, das diversas fases da vida de um homem.

Para olhar, refletir e (tentar) mudar de rumo se for preciso.