26 April 2017

Paterson

Amo filmes desconcertantes e Paterson é um deles ; ).

Adam Drive interpreta um motorista de ônibus casado com uma mulher linda e sensível  (quase no limite, ufa!) e que possui uma alma de artista.

Ele vive uma vida ordinária: de casa para o trabalho, do trabalho para casa... tudo sempre tão igual: o colega de trabalho que só reclama, a esposa que a cada dia tem uma ideia mirabolante (a esposa é um capítulo à parte: completamente diferente dele - e por isto a relação dos dois é tão linda: por haver respeito, carinho)... o passeio noturno com o cachorro, a cervejinha antes de voltar para casa.

O filme é uma delícia, quase francês (contemplativo a perder de vista) rsrsrs.

A parte que eu mais gostei foi a do diálogo na cachoeira (talento em estado bruto)!

Melhor frase: "... é igual tomar chuva com capa de chuva" (hahahah).

13 April 2017

Mesmo se nada der certo

Perdi a conta das vezes que vi Begin again rsrsrs.

Mas é engraçado que, quanto mais a gente vê, mais se dá conta de coisas que haviam passado despercebidas rsrsr.

Por exemplo, o filme retrata o universo da música e da criação, e os tipos que nele transitam.

Dessa vez o que achei interessante foi notar como alguns personagens são regidos por coisas externas (ambiente, circunstâncias, pessoas, pressão) enquanto outros por sua efervescência interior (como se as coisas 'brotassem' de dentro).

Por exemplo:

  • o cantor, que ao longo do filme, vai sendo transformando pelas pessoas que entram em sua vida, pelos lugares que passa;
  • a menina, que em meio às adversidades, vai descobrindo quem é, o que quer, o que busca, sem não ser abduzida pelo sistema ou opinião das pessoas (continua íntegra);
  • o produtor, romântico, doce e sensível até a medula, que mergulha de cabeça num tsunami porque as coisas não saem conforme ele imagina;
  • o outro produtor, que para entrar no sistema, vira um walking dead (está presente de corpo, mas a alma sabe lá para onde foi).

  • E veja se na vida, e em outras órbitas, também não tem gente assim (eita, em qual categoria me enquadro) rsrsrs.

    05 April 2017

    Um homem chamado Ove

    Humor sueco é tudo de bom rsrsrsr.

    Concorrente a melhor estrangeiro, o filme perdeu para o iraniano O apartamento (tb preciso ver) rsrsrs.

    Ove é um homem na 3a. idade hiper mega sistemático: acorda cedo, faz a ronda no quarteirão, atormenta os vizinhos, depois toma o café, vai aos mesmos lugares, sempre nos mesmos horários e por aí vai.

    Enlutado pela morte da amada mulher, tenta se matar repetidas vezes (rsrsrs) até chegar uma nova família na vizinhança...

    A história não tem nada demais e em alguns momentos chega até a ser previsível, mas é interpretada com tanta singeleza que é impossível não se apaixonar pelo enredo.

    É muito lindo o descongelamento pelo qual o personagem passa (não é que ele esteja se transformando, pelo contrário, estava já tudo lá dentro - sempre esteve - mas nunca teve a chance de colocar para fora toda sua ternura e beleza).

    E vaaaamos combinar que a maquiagem também tá de arrasar (o ator principal trabalhou no excelente Depois do Casamento) e até choca porque ninguém é tão acabado aos 59 anos rsrsrs.

    Aliáááás, o único senão do filme é exatamente este: o estereótipo da 3a. idade.

    Rabugice não tem a ver com a velhice - quem é trancado, é desde criancinha - e a graça seria exatamente esta: de desconstruir o clichê e jogar para um adolescente ou casal jovem rsrsrsr.

    Resumo da ópera: assista e chore (de rir ou chorar, dependendo do momento) rsrsrs.

    02 April 2017

    Fifteen Million Merits

    Gosta de ficar incomodado a ponto de passar (e ficar muito) mal depois?

    Assista Black Mirror ; ).

    Hoje vi o episódio Quinze mil razões e nem consegui dormir depois.

    Num futuro distópico (nem tão distópico assim) rsrsrs, as pessoas vivem escravizadas numa realidade virtual voltada à amortização dos sentidos e monetização de conquistas.

    Mesmo num ambiente inóspito, ainda é possível encontrar um ou outro que consegue enxergar beleza ou desenvolver alteridade.

    Porém o preço a ser pago é alto demais (caaaalma, não vou falar mais nada) rsrsrs.

    O final é de amargar o coração (como se toda luta não tivesse razão, e como se o final de tudo se resumisse ao tamanho da cela).

    Vai lá: https://www.netflix.com/br/title/70264888

    01 April 2017

    Renoir

    Queria ver esse filme há séculos, mas os horários desencontravam e, por ficar pouco tempo em cartaz, acabei perdendo.

    Eis que zapeando no catálogo Netflix, surpresa: Renoir estava disponível para download (uhu)!

    Como qualquer francês, é meio contemplativo, paradão até, porém nunca raso.

    O filme traz a história do pintor August Renoir, famoso impressionista, em seus últimos anos de vida. Uma jovem modelo posa para ele enquanto seu filho do meio volta da guerra.

    O que mais gostei é que, além de ser uma história real, mostra os dilemas de cada personagem e dá vontade de pesquisar mais fundo sobre o que aconteceu de verdade.

    Por exemplo, o pintor costumava se envolver com as modelos, sendo que uma delas era prima de sua esposa falecida Aline. Gabrielle teve um papel importante na vida de Jean, este filho que volta da guerra e que futuramente se torna cineasta (caaaalma, não precisa ficar bravo - não é spoiler - esta informação não consta no filme) rsrsrs.

    Melhores momentos:
    - quando o filho confronta o pai dizendo que aquela teoria de rolha, de ser levada pelas águas, é apenas uma espécie de covardia (porque escolher envolve assumir responsabilidades e fazer renúncias);
    - quando a modelo e o filho conversam na relva sobre identidade, sonhos e ambições;
    - quando as criadas derramam um balde de realidade na modelo.