Tem diretor que a gente fica em estado de alerta porque sabe que sempre será surpreendido pelo olhar dele e o Kore-eda é um deles ; ).
Confesso que já estava de olho no filme desde a Mostra, portanto, imagine meu desespero para assistir logo (e o medo de sair de cartaz) rsrsrs.
Shiguemori é um advogado que precisa defender um assassino confesso que foi posto em liberdade após 30 anos de detenção, e que é acusado de ter cometido outro crime: roubo seguido de morte.
O problema é que seu cliente Misumi muda de versão todas as vezes que depõe: primeiro, diz ter cometido o crime por necessidade monetária, depois por raiva, depois por encomenda... o que faz com que o advogado resolva investigar a história para montar a estratégia de defesa.
Porém, quanto mais o tempo passa (na verdade, dá para sacar o que aconteceu nos primeiros 10 minutos de filme), mais densa a trama fica. O que é verdade? O que é mentira: deturpação da realidade ou omissão dos fatos?
O tempo todo os personagens são confrontados, seja profissionalmente, seja na vida pessoal. Mas o mais legal é que chega um momento em que não importa mais o que aconteceu, quem morreu, quem matou ou por quê, mas as angústias e escolhas éticas de cada personagem que no final se fundem - você já não sabe quem pensa o quê, porque todos os corações se tornam uma coisa só, uma bola de carne sangrando bem grande.
As imagens são mais eloquentes do que um discurso inflamado - preste atenção nos rostos refletidos no vidro da cabine prisional. E preste atenção também nos papéis que cada personagem representa, por exemplo, os advogados são uma coisa só (diferentes faixas etárias, representando as diversas fases da vida), o juiz (que representa a Justiça, mas está mais preocupado com o processo do que com o ser humano - ou seja, mostra que como autoridade suprema está morto por dentro - pura crítica social), a promotoria pública (que deveria defender o que é certo, mas que aquiesce) e os três personagens mais emblemáticos e hiper-comprometidos com a justiça, a verdade e a compaixão (caaaaaalma que não vou dar spoiler) rsrsr.
Melhor frase do filme: - cansei de mentir; prefiro ficar preso para poder falar a verdade.
O final é liiiindo (e mó tapa na cara).
Resumo da ópera: se você gosta de reflexões perturbadoras que te fazem desligar o piloto automático, assista correndo!
PS- Para ler outra opinião, vai lá: http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,o-terceiro-assassinato-da-novo-folego-ao-genero-drama-de-tribunal,70002274382
Confesso que já estava de olho no filme desde a Mostra, portanto, imagine meu desespero para assistir logo (e o medo de sair de cartaz) rsrsrs.
Shiguemori é um advogado que precisa defender um assassino confesso que foi posto em liberdade após 30 anos de detenção, e que é acusado de ter cometido outro crime: roubo seguido de morte.
O problema é que seu cliente Misumi muda de versão todas as vezes que depõe: primeiro, diz ter cometido o crime por necessidade monetária, depois por raiva, depois por encomenda... o que faz com que o advogado resolva investigar a história para montar a estratégia de defesa.
Porém, quanto mais o tempo passa (na verdade, dá para sacar o que aconteceu nos primeiros 10 minutos de filme), mais densa a trama fica. O que é verdade? O que é mentira: deturpação da realidade ou omissão dos fatos?
O tempo todo os personagens são confrontados, seja profissionalmente, seja na vida pessoal. Mas o mais legal é que chega um momento em que não importa mais o que aconteceu, quem morreu, quem matou ou por quê, mas as angústias e escolhas éticas de cada personagem que no final se fundem - você já não sabe quem pensa o quê, porque todos os corações se tornam uma coisa só, uma bola de carne sangrando bem grande.
As imagens são mais eloquentes do que um discurso inflamado - preste atenção nos rostos refletidos no vidro da cabine prisional. E preste atenção também nos papéis que cada personagem representa, por exemplo, os advogados são uma coisa só (diferentes faixas etárias, representando as diversas fases da vida), o juiz (que representa a Justiça, mas está mais preocupado com o processo do que com o ser humano - ou seja, mostra que como autoridade suprema está morto por dentro - pura crítica social), a promotoria pública (que deveria defender o que é certo, mas que aquiesce) e os três personagens mais emblemáticos e hiper-comprometidos com a justiça, a verdade e a compaixão (caaaaaalma que não vou dar spoiler) rsrsr.
Melhor frase do filme: - cansei de mentir; prefiro ficar preso para poder falar a verdade.
O final é liiiindo (e mó tapa na cara).
Resumo da ópera: se você gosta de reflexões perturbadoras que te fazem desligar o piloto automático, assista correndo!
PS- Para ler outra opinião, vai lá: http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,o-terceiro-assassinato-da-novo-folego-ao-genero-drama-de-tribunal,70002274382