21 July 2017

De canção em canção

Ver um Malick é ter a certeza de ser surpreendido e Song to song não foge à regra.

O filme inteiro é arrebatado por imagens de inundar os olhos e o coração além de chacoalhar com reflexões e quatro personagens principais para lá de perturbadores.

O produtor é um homem charmoso, inteligente, competente, hedonista e utilitarista que chega até a ser perverso. Ele consegue distinguir o que os outros tem de melhor e não  reluta em tirar o que lhe dá proveito.

O compositor é um personagem apaixonante: tudo o que toca, transforma para melhor, é generoso e só se envolve no que acredita. Por isto mesmo acaba sendo visceral, e é muito linda a transformação pelo qual passa de crescimento e maturidade.

A artista (como toda boa artista) rsr é tão fluida que parece perdida. Ela se deixa levar como uma onda no mar. O problema é que ela fica à mercê dos outros se tornando refém das circunstâncias.

A garçonete deixou seu sonho e talento para trás. Para amenizar a dor dos outros, acaba sacrificando a si mesma.

Qual o limite para amar e não ferir (ou ser ferido)? E o preço a ser pago para ter o que se quer?

O que achei lindo foi perceber que é uma reflexão pessoal, qual é o papel do homem na atualidade.

O final é tocante: um ode à humildade, à simplicidade e um convite à nossa verdadeira essência.

A única coisa que não gostei foi a escolha do casting (cheiro de comida requentada - pelos atores, dava para perceber o papel que cada um iria desempenhar).

Meio clichê, nada Malick.

PS- Para ouvir outras opiniões, vá lá:
  • http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/07/1902532-terrence-malick-cria-uma-colagem-inebriante-em-novo-longa.shtml
  • https://www.theguardian.com/film/2017/jul/06/song-to-song-review-terrence-malick-rooney-mara-michael-fassbender-ryan-gosling
  • 20 July 2017

    Frantz

    Tem cineasta que é uma eterna grata surpresa: pela delicadeza que mostra a vida, pelo olhar sensível na construção dos personagens... e o Francois Ozon é um deles ; ).

    Frantz traz a história de um soldado alemão morto na guerra que é pranteado pela noiva, pelos pais e por um suposto amigo francês que conheceu antes da guerra.

    O que mais gostei é que as coisas nunca são o que parecem (tapa na cara de gente deformada por estereótipos ou que é cínica por natureza) rsrsr: oui, dá para ser amigo de quem todo mundo julga ser inimigo, dá para perdoar o imperdoável, dá para ser surpreendido pelo bem ou pelo mal, dá para ser forte quando o coração está despedaçado, dá para ser honesto quando tudo diz que não, dá para reconstruir em cima de destroços.

    Para ouvir mais opiniões, vai lá:

  • https://omelete.uol.com.br/filmes/entrevista/frantz-busco-o-que-ha-de-mais-fragil-na-condicao-humana-diz-francois-ozon/
  • https://www.nytimes.com/2017/03/14/movies/frantz-review.html
  • 19 July 2017

    Paris pode esperar

    Geeeentem, não é só Paris que pode esperar... qualquer pessoa inteligente deve esperar esta bobagem sair em TV aberta, socorro!

    Atraída pelo título (propaganda enganosa) rsrsrs, pelo DNA da diretora (sim, esposa do Copolla e mãe da Sofia), do casting (a Diane Lane é linda, mas sujou  o currículo ao embarcar nesta egotrip da pseudo-diretora) rsrsrs.... lá foi a tonta cair na mais velha armadilha de Hollywood.

    Uma mulher negligenciada pelo marido executivo faz uma viagem de Cannes a Paris de carona com um amigo e... h-a-h-a-h-a-h: Julia, Sabrina, Bianca e Barbara Cartland conseguem emocionar muito mais.

    Dica duca: como diria o Selton Mello no trailer de seu mais novo filme: - perda de tempo! Pra que ficar no escuro vendo a vida dos outros ao invés de cuidar da sua e perder 2 horas da vida ?!