30 March 2016

Conspiração e poder

S-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l! 

Uma das coisas mais incríveis da maturidade é saber escolher o que pegar e o que não pegar, e o Robert Redford continua ensinando como mandar bem (qdo crescer gostaria de ficar igual ele ; ).


Truth é uma história real e dedo nos olhos em tempos politicamente sombrios como hoje!!!


O filme mostra uma equipe de jornalismo que investiga se o presidente - em exercício e em campanha eleitoral - foi beneficiado ou não na época de seu alistamento para a guerra do Vietnã. 


A produtora de reportagem, pressionada pelo cronograma, coloca a matéria no ar sem checar 100% e a emissora - no nascedouro da internet, blogs e o escambau - passa a receber comentários que acusam inveracidade na cobertura.

O que me assusta é o paralelismo com o cenário atual: discussão por questões periféricas, opiniões dicotomizadas, intolerância, superficialidade nas avaliações, incompetência ou incapacidade de análise, ameaça e punição aos que questionam o sistema, corrosão do caráter e por aí vai... 

... ou seja, um merecido tapa na cara com luva de boxe!

Adorei a construção humanizada que o diretor deu à personagem principal: sua tenacidade, sua sede por integridade, a competência para fazer o que julgava ser correto, a fortaleza forjada em meio às adversidades, o papel da família (o marido dela é maravilhoso, tudo o que um cônjuge tem de ser)...

Para sair do cinema com a alma lavada e encorajado a fazer o que precisa ser feito : ))).

PS- Uma pergunta sobre o zoológico virtual que virou a internet (redes sociais): - é razoável levar a sério quem não se leva a sério?!

16 March 2016

Zoolander 2

Tiração de sarro total rsrsrs!

Mas a pergunta que não quer calar é: será que o povinho da moda entendeu?

Porque é preciso um mínimo de cultura para sacar as piadas rsrsr.

E olha que vai desde cópia deslavada do original, crise de identidade, passando por transporte über, transgênero, eco-chatos, acidentes derivados por pau-de-selfie, poliamor, moda praia e plus size rsrsrs.

Bom, pela sala vazia, penso que só vai bombar qdo sair de cartaz (igual o 1o. filme, que virou cult depois de anoooos) hahahah.

PS- Para entender o inferninho da moda, recomendo o excelente Pret-a-Porter de Robert Altmann (tão irônico quanto)!

11 March 2016

Boa noite, mamãe

Este filme é sensacional e é uma pena não ter concorrido ao Oscar de melhor filme estrangeiro (penso que a Academia fica tão preocupada em promover os bons costumes que esquece que enaltecer a narrativa criativa é tão importante quanto defender um bom tema).

Dois irmãos super-unidos questionam entre si o comportamento obtuso da mãe que acaba de retornar à casa após uma operação no rosto.

Para o espectador e para os meninos, fica a dúvida: será que ela é a mãe deles mesmo?

Ao longo do filme, você vê a 'mãe' cometer uma série de barbaridades, como por exemplo, ignorar e ser até cruel com uma das crianças, jogar um irmão contra o outro, usar de rispidez e tirania... até o jogo virar (sim, crianças podem ser bem cruéis quando lhes convêm).

Uma das cenas mais estarrecedoras é quando os meninos colam a boca da mãe com superbonder (para quem já sofreu um 'acidente' com esse material, sabe do perigo que estou falando)...

O incrível é que as coisas nunca são o que aparentam (isto é um spoiler - o título original já adianta: "ich seh ich seh") rsrsrs...

No decorrer da narrativa, novas informações vão surgindo (uma vergonha para todos nós, que adoramos 'assistir' e formular julgamentos a partir de relances superficiais) até culminar com um final surpreendente!

Ou seja, uma mistura de A fita branca (outro filme austríaco), Everything will be fine e... (não posso dar a última referência, senão você 'mata' a charada) hahaha.

Para entrar intrigado na sala e sair chocado com nossa própria inabilidade em julgar os outros!!!

PS- Vai lá: http://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/critica-boa-noite-mamae-explora-o-suspense-na-quebra-da-confianca-entre-mae-e-filhos
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10 March 2016

Everything will be fine

Sou apaixonada pelo olhar do Wim Wenders (se ele filmar campeonato de bolinha de gude, assisto) rsrsrs.

Mas esse filme, talvez o casting, talvez o tema... não sei.

James Franco interpreta um escritor em crise pessoal e profissional.

Por um vacilo banal, atropela um garoto e o filme mostra toda dor, sofrimento e a maneira de cada personagem lidar com o luto ao longo de 12 anos.

Gosto muito da Charlotte Gainsbourg - na minha opinião, ela imprime bastante veracidade em qualquer papel que interpreta. 

Mas me incomoda a frieza (ou será resiliência) do personagem principal: sua inabilidade em verbalizar os sentimentos e talvez sua acomodação em conviver com pessoas que o paparicam o tempo todo.

Senti falta de hombridade: tem mulher que é mãe ao invés de companheira, tem mulher forte que esconde toda sua fragilidade, tem adolescente buscando a figura de um pai, mas... onde estão os homens maduros?

Bom, ainda assim um pequeno Wenders é um bom filme.

PS- OK, para ler uma opinião mais consistente, vai lá: http://cultura.estadao.com.br/blogs/p-de-pop/nas-asas-de-wenders-ou-por-que-tudo-vai-ficar-bem-e-um-filme-obrigatorio/
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09 March 2016

A paixão de JL

Este documentário sobre o Leonílson é um achado ; ).

Exibido gratuitamente nas salas Itaú de Cinema, o material intercala partes do diário do artista, gravado em K-7 em seus últimos 3 anos de vida, com notícias e referências sobre o que acontecia no mundo e suas obras.

Achei interessante constatar o quanto ele era visceral, o quanto se entregava nos trabalhos e o quão intimamente interligado era o seu mundo interior com o mundo exterior!

Tudo o que acontecia, tudo o que tocava seu coração - absolutamente tudo era matéria-prima, motivo de inspiração.

Fiquei impressionada com a sensibilidade do Leonílson: ele chorava ao ver uma cena de novela bem como a uma reportagem sobre o bombardeio dos Estados Unidos em Bagdá (guerra do Iraque).

Para ter uma ideia do estilo de suas obras, vai lá:

  • http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8742/leonilson
  • http://www.youtube.com/watch?v=FgkzABwtr_8


  • 03 March 2016

    Nossa irmã mais nova

    Que delicadeza ; ).

    Aaaaamo filme japa: é tão sensível, tão cheio de sutilezas.

    Três irmãs jovens descobrem que o pai, que constituiu outra família quando elas ainda eram pequenas, faleceu. No funeral, encontram a irmã mais nova, de 14 anos. E de cara, convidam-na para morar junto.

    Parece um filme banal, de coisas simples, mas penso que a beleza está nos pequenos detalhes: o que elas pensam, o que conversam (e principalmente no que deixam de falar), o cuidado, a observação no comportamento de cada uma...

    E as comidinhas?

    - Oishi!!!

    Comida pura ao coração : ).

    Outra coisa que percebi foi a reverência aos antepassados (preste atenção na crítica: se você não honra seus antepassados, não está apto para viver de maneira plena seus outros relacionamentos).

    Momento-pérola: quando o garoto quer levar a menina de bicicleta para mostrar um túnel e...

    Para ver, aprender e se emocionar ; ))).

    02 March 2016

    45 anos

    Um dos filmes mais depressivos, afff...

    Um casal se prepara para comemorar os 45 anos de casamento.

    A mulher é linda e gentil e o marido parece meio decrépito e desorientado comparado a ela.

    A próxima cena explica: ele acabou de receber uma carta dizendo que encontraram o corpo de sua namorada, perdido há 50 anos nas geleiras da Suíça.

    A partir daí, as máscaras dos dois caem. Ele se revela um walking dead, um corpo sem alma, que não se importa em conviver com cadáveres insepultos. E ela, uma megera sem sentimentos, que manipula o próprio marido.

    Gentem, me diz: casar para quê, se é para viver desse jeito?

    Ninguém está falando que casamento é uma perfeição (sim, existem períodos sombrios), mas não faz o menor sentido ficar junto para atormentar a vida do outro.

    Porque casamento é união de almas e não um estágio para se contentar com o que tem.

    Outra coisa: que festa é aquela? Qual a graça de impressionar gente que você nem gosta?

    O que não entendo é por que as pessoas não podem ao menos ser delicadas, respeitar quem escolheram para dividir a vida, com a mesma reverência que tratam os estranhos!

    Porque só gente babaca confunde liberdade e familiaridade com desculpa para ser grosso, affff...

    01 March 2016

    O abraço da serpente

    Nossa, este filme colombiano é muito bom (mas um pouco hermético tb) rsrsr.

    Um pesquisador alemão pede ajuda a um xamã pois está doente e precisa de uma planta rara para ser curado.

    O filme entrelaça duas histórias: a viagem do pesquisador alemão em busca da cura e a viagem de outro pesquisador que leu o livro do alemão após 40 anos.

    Muito bacana a caracterização dos tipos, aliás, bem vívidos na nossa atualidade: o inocente, o ignorante, o corrupto funcional e o iluminado.

    Porque ser inocente não é desculpa para deixar de exercer a sabedoria.

    E o ignorante precisa deixar o preconceito para abrir a mente e se informar.

    O corrupto funcional é aquela pessoa que parece ser bacana, parece ter entendido como as coisas funcionam, mas distorce e apodrece tudo ao redor, seja  por desrespeito ou simplesmente por ganância.

    Já o iluminado é aquele que é um pouco de tudo, mas é humilde o bastante para admitir e corajoso o suficiente para dar dois passos atrás se necessário. É aquele que não precisa de caapi para sonhar pois tudo o que vive no agora, já é realidade.

    PS- Alerta importante: cuidado para não virar miragem de si mesmo (qdo a sua vida perde o propósito).